A LOUCA GEMI.

A LOUCA GEMI.

CONTO POR HONORATO RIBEIRO.

Quando eu era garoto de 12 a 13 anos de idade, aqui, havia uma moça muito bonita, loira, baixinha de um metro e sessenta de altura. Não sei de onde ela era e de que família. Chegou e morou muitos anos em Carinhanha. Mas ela era louca e o povo chamava-a por a doida Gemi. Andava pelas ruas e nem sei onde morava. Comia onde chegava à porta da casa de uma família caridosa e dava comida para ela. Mas o que vou contar, aqui, para vocês, era o poder que ela tinha para com cobras venenosas. Sempre a gente a via com uma enorme cascavel enrolada no seu pescoço servindo de colar. A gente falava para ela soltar a peçonhenta no mato, ela punha a bicha no seio, ora ela colocava a cabeça da cobra na boca, enquanto a peçonhenta tocava o chocalho. Era difícil a gente não visse a doida Gemi com uma cobra. Ora era cascavel, ora era coral ou outra qualquer. Ela não bulia com ninguém e era muito bonita de cabelos longos. Mas a doida Gemi sumiu daqui dizendo que ia para Cocos a pé. Naquele tempo havia os tropeiros vindo de Coribe e Cocos carregados de mercadorias nas mulas, jumentos, burros e cavalos. Eram os tropeiros com cerca de trezentos animais de carga que traziam a rapadura, o açúcar de forma, laranja, lima, manga, toucinho, carne seca, banha de porco, requeijão, feijão, milho, arroz de pilão e colocavam a venda no Mercado Municipal, onde hoje é o palco, na Praça do Relógio. Foi justamente os tropeiros que encontrou o cadáver da louca Gemi que onça havia comido a coitada. E assim que a sua sorte acabou morrendo no papo de uma onça. Ela que tinha o poder de dominar cascavel, não tivera para dominar a onça pintada, na estrada de Carinhanha a Cocos.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 07/11/2014
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