485-A FIDELIDADE DE DANIEL- Conto Bíblico
E para que as profecias fossem cumpridas, descansou o Senhor a sua mão esquerda sobre o povo de Israel. Dias de terror, medo e escuridão sucederam-se. Do levante chegaram hordas de guerreiros sanguinários e predadores. Nabucodonosor, o rei da Babilônia, uma nação pagã às margens do Eufrates, enviou seus generais e milhares de comandados para tomar a Terra Prometida. Em poucas semanas, o sangue dos adoradores de Javé empapou o solo sagrado. Joaquim, rei de Judá, foi destituído. O Templo foi arrasado e as relíquias sagradas levadas para os templos pagãos de um deus que era ao mesmo tempo boi e águia.
O rei dominador, apesar da ânsia de poder, era dotado de senso prático e sabedoria. De cada nação dominada escolhia alguns jovens para aprenderem a língua, as leis e as ciências dos caldeus e levar esse conhecimento aos povos dominados. Assim, determinou Nabucodonosor a Asfenez, um de seus eficientes ministros:
— Escolha dez meninos dentre os prisioneiros de Israel, para que sejam os discípulos de nossos mestres. Que sejam meninos de boa aparência, que saibam se comportar em todas as situações, e de preferência que sejam filhos dos nobres e sacerdotes. Deverão ser instruídos em todas as ciências, leis, letras e costumes de nossa civilização. Eles deverão residir no palácio real e alimentar-se do mesmo modo que o fazemos.
O ministro, conhecido também por Eunuco-Mor, obedeceu com presteza à ordem de seu rei. E entre os dez pequenos israelitas, quatro da tribo de Judá mereceram especial atenção de Asfenez: Daniel, Ananias, Mizael e Azarias.
Daniel, descendente do Rei Davi, era fiel às origens e muito sagaz. Resolveu conservar-se puro e não se deixar contaminar pelas idéias ou pelos costumes dos caldeus; nem mesmo pelas iguarias que lhes eram servidas às refeições.
As refeições faziam parte de um ritual religioso, no qual era oferecida aos deuses uma parte da comida e do vinho. Daniel viu nisso uma submissão á religião do boi alado, além de perceber que eram preparadas em desacordo com a Lei de Israel.
— Peço-lhe que nos deixe comer — eu e os meus três amigos — os alimentos a que estamos acostumados.
O Eunuco-Mor, que dava a Daniel especial atenção, ponderou:
— Tenho receio de que vocês possam se enfraquecer e adoecerem. Se o rei perceber seus rostos e corpos mais macilentos do que os outros meninos, minha cabeça não ficará tão firme sobre o pescoço como você está vendo agora.
Mas Daniel não desistiu. Conversou com Malasar, que era o encarregado de fornecer as refeições as escolhidos, solicitando a mesma coisa.
— Peço que nos experimente durante dez dias, dando-nos apenas legumes, frutas e mel para comer e água para beber. Depois deste tempo, olhe para nós e para os meninos que comem da mesa do rei. Se estivermos fracos ou abatidos, então comeremos da comida real.
Malasar, o Eunuco-Mor, concordou. Tomou para si os manjares e o vinho que eram destinados a Daniel e seus três amigos, dando-lhes apenas legumes e água.
Ora, eis que passados os dez dias de prova, apresentaram-se os quatro com os rostos mais viçosos e os corpos mais gordos do que os dos meninos que comiam da mesa do rei.
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Os escolhidos de Nabucodonosor aprenderam a ciência e o conhecimento que estavam contidos nos registros do grande império. Terminado o tempo de aprendizado os rapazes — pois haviam crescido também em estatura e idade — foram levado à presença do rei que manteve com eles longa conversação. Saíram-se bem em todas as questões que o rei lhes apresentou. Por fim, sem esconder o entusiasmo, Nabucodonosor disse a todos que assistiam a entrevista:
— Estes moços excedem, em sabedoria, conhecimento e inteligência, dez vezes todos os adivinhos e magos que existem em todo meu reino.
Dirigindo-se a Daniel, disse:
— Este será meu conselheiro e sua palavra será tão válida como a minha.
Isto está escrito porque a Daniel o Senhor proveu de dons especiais: argumentava como ninguém, convencendo com sua palavra até seus inimigos; e interpretava sonhos e visões, o que era sinal de pessoa escolhida por Javé para importantes realizações.
Daniel permaneceu a serviço de Nabucodonosor até o fim de seu reinado e morreu aos 88 anos, tendo cumprido fielmente o que lhe fora determinado por Javé, em feitos que serão relatados em histórias a seguir.
ANTÔNIO GOBBO
Conto # 485 da Serie Milistórias –
14 de março de 2008 –
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