O rio e a autocombustão
O rio devora-se pelas margens, sucumbindo-se em um mar de encantos, lhe entra e sai por todo canto esse deleite aguado, essa inflamação aquosa. Deságua lentamente em seu desleixo, porém voraz em seu delírio, segue o caminho que as margens reduziram. As cachoeiras são as explosões desse eterno nascimento. As águas amam-se melifluamente, naturalmente, pouco se importando com a correnteza. Fundem-se em seu próprio furor e expandem-se em sua própria vazão. Sorrisos vazados observam esse espetáculo sem pudor, e compreendem o processo de autocombustão, mas há muito que aprender com ela, pois a natureza, sim, sabe fazer amor.