NO DIÁRIO DE BORDU’S

 
O beco povoado
De toda porcaria deixada
O  sujo inclinado
Propício a toda loucura
Tem escadas
E toda descida ao imundo
O que é úmido
Traz um aroma dessecado
Lá em cima
Dorme em cima
Do tipógrafo
O delineador dos estados
Encontrados
Sob o tapete e um livro
Acoberta sua mente
Num descanço
Miserável
Todo ensaio das coisas
Que precisa
Vivem no redor
De tudo que por perto
Se avista
As visitas vem buscar
O que faz um covarde
Num lugar que arde
A centelha do diabo
Logo antes
Um pouco mais abaixo
Criaturas morrendo
De tédio
Vicios em mão vazias
Mãos vazias
Querem seu remédio
As heroínas dos trapos
Sem trocos
Os loucos da armadura
De barro
A idosa e seu carro
e todos os apêgos
das fotos do antigo
beijadas como amigo
da saudade perdida
um militar desiludido
arrepende
o que tende a ser o suicidio
o morto vivo
herói desconhecido
de muitos que por lá
passam e avistam
nada fazem
fazem de uma moeda
jogada sua desculpa
acorda o ventríluco
do jornal adulto
café temperado à vodka
a lógica do seu caso assusta
havia uma busca
da mulher adultera
pra fantasia do texto
o incesto na família
que legou outro
as ruas e avenidas
o retorno ao pano de fundo
do seu início
quando do início vivia
sobre a quermesse
e o jugo
derrota pra o narrador
as vozes somem
num tempo parado
p’ra outra dose
agora de fumo
fumaça que sobe
sobre olhos profundos
olha a janela do abismo
percorre a dinastia
dos malandros ricos
onde as ninfas querem
dançar com vultos
viver uma aventura
pra acordar no seu castelo
insular
perde-se a tinta
da quebrada caneta vazia
e os papeis manchados
trocam as idéias
n’um soluço descabido do vento
a janela no abre e fecha
o tédio se investe
ele desce p’ro altar
do terminal-lamento
nome inventado
p’ro lugar onde dormem
suas obras
e as sobras que constroem
as alegorias
Nada informa o garçom
Sobre aquele sangue
Jorrado no chão
O homem não havia
Visto nada antes
D’ele entrar...