Jeito de Lígia
Algumas vezes nos indagamos sobre a possibilidade de algo acontecer da maneira tanto sonhada e esperada. Você já se perguntou? Pois bem, a personagem da nossa história chama-se Lígia, uma menina estudiosa, coração amável e possuidora de uma imaginação demasiado fértil.
Liginha viajava no tempo buscando fórmulas para socorrer algum parente em apuros, como ela mesma explica em suas divagações: “Como hei de ajudar meu priminho Rafa, para ele passar no concurso a que se submeteu? E tia Helena, quais possibilidades tenho de auxiliá-la nos preparativos para a festa de seu casamento, já tão próximo?”
Tais conjecturas pousavam em sua mente como uma libélula pousaria suavemente em seu colo. A menina ia além- fronteiras, isto é, idealizava soluções para os problemas da gente fora da linha de parentesco, seja do seu círculo de amizades ou mesmo alguma personalidade carente de afeto e caridade.
Sempre muito aplicada, ouvia atentamente as explicações de seus mestres, realizava com afinco as tarefas escolares e representava muito bem a classe estudantil em qualquer evento cultural.
Nos momentos de lazer, após desfrutar demoradamente do inigualável aconchego de seus familiares, procurava um lugarzinho para ficar isolada e mergulhava no mundo dos sonhos.
Pensava na Lígia adulta cuidando dos filhos, ensinando-lhes bons modos e a maneira de ser gentil com os mais idosos; fervilhava em seu espírito a dúvida sobre o comportamento das pessoas no futuro: como seria o tratamento entre elas? Haveria um mínimo de respeito e valorização ao próximo?
Algo dentro do peito da menina sonhadora pulsava afirmando sim, sim, Lígia! O despertar do novo amanhã virá igual à correnteza de um rio espumante, os homens se libertarão das amarras do egoísmo e se deixarão embalar nas ondas dessas águas, trazendo consigo o braço cristão do amparo e as ideias transformadoras de um mundo fraterno.
Lígia às vezes adormecia profundamente, um sorriso de felicidade riscado nos lábios.