Grande remorso *

Certa vez um carreiro tinha feito uma viagem de dezesseis dias com sua boiada. Ao retornar para sua fazenda, encontrou praticamente todo o seu capim queimado, devido a um incêndio de enorme proporção ocorrido na região de Vazante. Mesmo com a boiada maltratada pela viagem anterior, e falta de alimentação, dois dias depois ele foi fazer um novo carreto, que tinha de passar pela serra da Boa Vista. No retorno, com o carro cheio, no meio da serra, a boiada parou e o carreiro começou a maltratar os bois com ferroadas, até quase pingar sangue. Enfadado, decidiu parar. Sentou-se debaixo de uma árvore e começou a fazer um pito. Enquanto ele estava picando o fumo para o pito, a que a boiada se aluiu sozinha e continuou, até chegar ao alto da serra. Depois desse acontecimento, esse carreiro passou a não maltratar os animais e a falar para o seu filho que aquele episódio foi um ensinamento da Justiça Divina. Não devia ter ido carrear com os bois cansados e famintos daquele tanto, nem era desnecessário bater neles. Precisava ter sido mais paciente com os animais, que lhe foram sempre dóceis. É um ensinamento precioso, esse de que não devemos maltratar nenhum ser vivo.

* Trecho do livro: FESTAS DE CARROS DE BOI, do escritor Rogério Corrêa

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Boa leitura,

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