Final Feliz

O escritor sentou-se à frente do computador. De início, trabalhava a mente na tentativa de escrever uma belíssima história, incluindo reis e rainhas, fadas e princesas, e que, ato contínuo, toda a trama fluísse para um final feliz envolvendo todos os personagens. Seu coração pulsava aceleradamente, mas as palavras custavam a sair.

Do local onde estava, avistava-se uma linda paisagem. Seu quarto situava-se no pavimento superior de uma modesta residência. A pequena altitude permitia-lhe visualizar a maré de telhados das casas vizinhas e o campanário da catedral. Mais adiante, qual uma esplêndida manta verde fatiada ao fim das estreitas ruas, exibiam-se as águas de um plácido mar, com seus veleiros e suas barcaças de pescadores, dançando ao sabor do vento matinal.

“Era uma vez, num reino muito distante....” e a imaginação vagava revivendo inúmeras lendas e fantasias, repletas de heróis, mocinhas à espera de seus cobiçados príncipes, dragões derrotados por valentes cavaleiros - ação voltada para despertar o interesse de suas amadas -, magias infindáveis que povoam o mundo dos mistérios.

Os sinos da catedral repicaram, totalizando doze badaladas, e o escritor dera conta de que não havia almoçado ainda. Mas seu estômago nada reclamara. Seus dedos continuavam se revezando no teclado, o pensamento afogueava as ideias, a mente não parava de produzir.

Eis que de repente, um grande pássaro raspou as abas de sua janela e grasnou com indescritível fúria, parecia um enviado de alguma bruxa má - inútil investida de provocar fatalidades ao enredo que rumava à plena felicidade de seus participantes.

A tarde já esmorecia, o sol procurava seu repouso atrás das elevadas montanhas, seguido por um véu de violetas nuvens algodoadas. As aves recolhiam-se, empoleirando-se e soltando aos poucos a alegria de seus trinados.

O escritor finalizou a história. Todos foram felizes para sempre! Apesar das tentativas fracassadas das entidades do mal, tudo terminou conforme o planejado.

Assim é a vida. As vitórias e os sucessos pessoais têm mais sabor porque existem as barreiras. Enfrentá-las é o grande desafio.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 06/10/2014
Código do texto: T4989228
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