A ALEGRE DEYSIMAR

Na cidade de Santa Adélia, o povo era arredio e tristonho, andavam em silencio e com cara de quem está de mal com a vida; naquela comunidade a alegria não existia e a tristeza tinha lá sua morada, parecia que a semana se resumia em uma eterna sexta feira da paixão, aquela gente não encontrava felicidade em coisa alguma, era um mau humor geral.

Tamanho mau estar não se explicava, porque era o costume do lugar e estavam acostumados com aquele véu de tristeza envolvendo tudo, ninguém ria alto, o maximo que se via era um sorriso furtivo e mesmo assim raramente, porque qualquer demonstração de alegria era fora do esquema e era constrangedor, mesmo as crianças eram silenciosas.

Os anos passavam e nada mudava, a cidade continuava silenciosa e triste, as pessoas pareciam ter medo da alegria, mas como tudo que tem um começo tem um fim, aquela modorra também estava contando os dias para se acabar; Salvina esposa de Deusderio estava grávida e passado o devido tempo deu a luz uma menina e a batizou com o nome de Deysimar.

Deysimar era uma menina normal, nem feia e nem bonita, mas a medida que crescia ela desabrochava em beleza e contrariando a tradição em alegria; ela ria alto e cantava alegremente, corria pelas ruas a caminho da escola e cumprimentava as pessoas nas ruas com alegres saudações, mas ninguém entendia aquele comportamento extravagante e incomodo.

Salvina e Deusderio tentavam controlar a exuberante filha, mas não tinha jeito, porque a alegre Deysimar continuava sua trajetória de alegria; ela era feliz, saudável e para ela o mundo era uma festa constante e divertida e seu exemplo contaminou as outras crianças, que passaram a rir, cantar e se mostrarem felizes para desgosto de suas famílias.

A alegria de Deysimar se espalhou pela tristonha cidade e aos poucos as pessoas foram mudando de comportamento e aprendendo a encarar a vida sem aquela tradicional tristeza; aos quinze anos a alegre mocinha tinha conseguido espantar o mau humor daquela gente, aprenderam a se cumprimentar, a rir e conversar e Santa Adélia se tornou uma cidade feliz.

Do silencio tumular nasceu uma alegria e felicidade jamais experimentada, e para comemorar as mudanças, Deysimar promoveu uma linda festa em seu aniversário e outras pessoas seguiram seu exemplo e festas aconteciam nos finais de semana e as pessoas aprenderam a se divertir e a tristeza foi expulsa pela alegria contagiante da feliz Deysimar.

Maria Aparecida Felicori {Vó Fia}

Nepomuceno Minas Gerais Brasil