CANDÓCA

CANDÓCA

Nesse mundo a pessoa tem vários direitos e deveres e alguns são difíceis demais, exemplo: todos tem o direito de ter uma tia solteirona e o dever de aturar seus faniquitos e suas maldades; a família Fonseca tinha a sua e era a tia Cândida, mas era chamada de tia CandÓca, mesmo porque de Cândida ela não tinha nada, pois era atrevida e maldosa.

Seu Artimênio e dona Josefina eram os sofredores pais da Candóca e não sabiam o que tinham feito de errado para merecer aquela filha, porque ela não era filha única e recebera a mesma educação que suas quatro irmãs, mas a diferença entre ela e as irmãs era da água para o vinho, suas irmãs eram moças bonitas, delicadas e ela era feia, grosseira e desagradável.

Candóca era a mais nova das cinco irmãs, mas parecia ser a mais velha, porque tinha feições grosseiras, gestos bruscos e era malcriada, sempre pronta para xingar uma coleção impublicável de palavrões e o resultado dessas imperfeições foi que todas se casaram bem jovens e ela nunca conseguiu arranjar nem um pretendente, terminou solteira e de mal com a vida e o mundo.

De família rica ela tinha esperança de arranjar um noivo pobre para se casar, mas mesmo os rapazes pobres corriam dela e quando completou cinqüenta anos ela desistiu e se tornou uma solteirona amarga, com o humor de uma onça pintada, porque irritada com tudo e com todos, nada estava bom para ela e quem sofria era toda sua família, porque em estado permanente de guerra, ela atormentava a todos.

As irmãs de Candóca casadas e felizes com seus maridos e filhos, viviam sempre sofrendo com as grosserias e maldades daquela criatura invejosa e cruel, porque ela fazia fofocas o tempo todo tentando estragar a harmonia existente entre os casais e seus filhos, os anos passavam e quanto mais envelhecia pior se tornava, mas de repente a historia se acabou.

Candóca fechava seu quarto todas as noites e certa manhã ela passou de seu horário de sair do quarto, mas como todos preferiam que ela dormisse, deixaram quieta e o dia passou e já à tardinha dona Josefina resolveu bater na porta, bateu, chamou e não obteve resposta, resolveu mandar um dos genros arrombar a porta e quanto ela se abriu, foi um susto.

Candóca estava morta no chão e perto dela enrolada e tocando seu chocalho estava uma enorme cobra cascavel; com a gritaria os vizinhos correram para ver o que estava acontecendo, mas ninguém tinha coragem de entrar no quarto, mas seu Artemenio trouxe uma espingarda e atirou na cobra para entrarem sem correr nenhum perigo.

Os comentários e as desconfianças começaram em seguida, pensavam e diziam: como será que uma cobra entrou em um quarto fechado, se nem tinha mato por perto? E como ninguém gostava daquela criatura insuportável, todos eram suspeitos, mas as autoridades decidiram por acidente e as pessoas encerraram o assunto, dizendo: tudo bem, uma cobra picou a outra e ninguém chorou por tia Candóca.

Maria Aparecida Felicori [Vó Fia}

Nepomuceno Minas Gerais Brasil

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 30/09/2014
Código do texto: T4981939
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