Apresentação do livro BMCB em 2016

BANDA MARCIAL DO COLÉGIO BILAC

40 ANOS DE UMA PAIXÃO EM VERMELHO E BRANCO

APRESENTEÇÃO

Você tem em suas mãos uma seleção das mais belas histórias, muito humor, crônicas, contos e muita poesia, isso quer dizer que deve concentrar-se, procurar talvez uma poltrona confortável, em um lugar gostoso, arejado e, sobretudo tranquilo.

Não tenha pressa, vá saboreando cada linha, parágrafo, cada dúvida, cada certeza, incertezas, cada tema, conto, pranto, cada luz e cada escuridão. Faça tudo com a máxima tranquilidade, porque o sabor de cada linha é impar e deve ser degustada até o final, é claro, se este existir, senão dê você mesmo a continuidade e os votos finais e jamais deixe de contemplar familiares e amigos com essa obra. Não há nada mais triste que depararmos com um livro novinho, intacto, e imóvel em uma vitrine. O brasileiro precisa e quer ler mais e aprender mais sobre si mesmo. Temos todos a honra e o prazer de dividirmos com cada leitor o quão importante foi e é o sentimento do dever “quase” cumprido, pois só estará feito e terminado quando você escrever o fim, caso contrário a história perdurará e por você será eternizada.

O QUE ACONTECIA QUANDO VOCÊ NASCEU?

O presidente brasileiro em 1976 era o General Ernesto Geisel, que governou o país de 1974 a 1979. Vivia-se ainda uma tola ditadura militar. Entre muitos desaparecidos e mortos, estava o então jornalista Vladmir Herzog (o vlado), assassinado, vítima de enforcamento nas dependências do Dói-codi; “Departamento de Operações Internas – Comando Operacional de Defesa Interna”, também chamado pelos militares de “casa da vovó”, Rua Tutóia, São Paulo, era o órgão repressor do II exército sob o comando do General Ednardo D’Ávila e chefiado pelo então Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, também conhecido pelo codinome de Dr. Tibiriça, hoje beneficiado pela lei da anistia. Em seu depoimento para a Comissão da Verdade (Brasília, maio 2013), este senhor se mostrou um verdadeiro mentiroso e covarde ao declarar que “jamais torturei alguém” e que só cumpria ordens da Presidência da República, chefiou o departamento até 1974. O ideal do criminoso é não ter memória, pois não quer se olhar no espelho no dia seguinte e se ver um assassino! À época autoridades militares falam em suicídio, a sociedade reage. O Cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, organiza um ato ecumênico na Praça da Sé, que apesar de ter sido fechada pela policia , recebeu oito mil pessoas em protesto contra a morte do jornalista. Este departamento foi extinto no fim do governo do General João Batista de Figueiredo em 1985. Fonte: Dossiê Herzog, de Fernando Pacheco Jordão, 2005, Editora Global. Em maio de 1977, Carlos Lacerda faleceu na Clínica São Vicente, um dia depois de ser internado com uma gripe – causa mortis oficial: infarto. Meses antes, em 06 de dezembro de 1976, João Goulart faleceu em Mercedes, na Argentina, vítima de um ataque cardíaco enquanto estava sob medicação para o coração. No mesmo ano, em 22 de agosto, Jucelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961, sofreu um acidente de carro no atual quilômetro 328 da via Dutra, perto de Resende, em um opala dirigido por seu motorista e amigo. Mesmo com tanta repressão o país vive um momento de geniais criações: Neste mesmo século XX o Professor Amaro de Abreu Filho, rompe fronteiras e com amor e genialidade, inquestionável, cria em 17 de março de 1976 a Banda Marcial do Colégio Bilac, que foi a primeira banda a ser convidada para o desfile de 07 de setembro de 1976 para abrir o desfile civil após a ditadura militar.

40 ANOS DEPOIS

As redes sociais não nos uniram, porém colaboraram para que não nos separemos jamais. Quando me propus a editar algumas palavras sobre esta que se chamou de família, ainda não conseguia definir intimamente a extensão da fabulosa obra. Descobri que não se mede uma família pelo número de membros que nela exista, mas pela cumplicidade, solidariedade, pelo companheirismo e principalmente pelo respeito e amor, assim defini-se o verdadeiro lar, a família no sentido mais amplo da palavra e a chamo assim porque existem amores, aliás, muitos se formaram àquele ambiente onde se respira do mesmo oxigênio. Haviam consoladores e consolados, incríveis paixões, incontroláveis paixões, amores correspondidos e outros nem tanto. Os últimos amores, os primeiros de tantos, mas não muitos, os únicos amores, as verdades, as metades delas, os segredos, os meios segredos e aqueles que hoje já não são mais segredos. Deliciosa harmonia, simples e harmoniosamente compartilhada. Esta união estável gerou frutos, filhos, avós e netos, e agregados que se tornaram membros da família e outros tantos amores nasceram e outros segredos afloraram. Certamente eu já podia esperar que este sim fosse o encontro de geniais e despretensiosos escritores de suas vidas, dos seus muros, dos seus medos, de seus desafios e dos sonhos mais íntimos. Não foi fácil tecer linhas, alinhavar histórias sobre esses eternos e grandes amigos. A tarefa é árdua, mas prazerosa. Queria ter dito nomes, revelar fatos e fotos, mas foi em meio a viagem no tempo e o medo de falhar a memória acerca de tantos acontecimentos, que decidi deixar a doce tarefa do contar aos verdadeiros escritores em que cada um exerce importância fundamental e talento único na arte do viver e errar, errar para aprender e aprender para ensinar. O que todos temos hoje é o desejo incansável de retratar experiências, e depoimentos que são puras confissões de vida. As vitórias em que o maior troféu e as melhores delas foram sempre a satisfação pessoal e mútua. As derrotas sombrias e superadas em um momento seguinte, as decepções contrastavam aos desejos. O corredouro negro e quente, a grande arena, o brilho de um luar, as cores salpicadas num tapete ponteado e cúmplice dos desejos mais afinados, os segundos que nos separa da fina linha tênue do despir-se, revelar-se, e deixar sangrar cada sílaba musical. Tantos olhares atentos, ouvidos afinados daqueles que hoje adultos preservam sublimes histórias para que sejam lidas, narradas e recontadas sempre. Naturalmente mudaram as perguntas, as respostas são outras, não posso jamais esquecer Vinícius de Moraes; “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida...” É a mais pura verdade, todos os dias foram como se fosse o primeiro de tantos que viriam. Tantos passaram pela grande porta de ferro daquele que foi chamado de ‘o casarão’, tantos saíram, tantos outros voltaram e aqueles que voltarão jamais, mas revivem a cada sopro, e a cada tilintar de vida. Não se aproveitavam daquelas tardes e noites para “matar” o tempo, e sim para que se aproveitasse melhor dele. Deixo aqui o meu mais nobre apreço aos velhos companheiros dessa estrada e abraço aos apaixonados e não fundamentalistas, em especial aos amigos: Profs.: José Rubens Bueno de Abreu, Dorival Puccini, Vanderley Horácio Campos, Milene Calil Horácio Campos, Magali Campos, Hamilton Apolinário, Osmar Augusto de Oliveira, Carlos Alexandre Eufrozino e a tantos outros incansáveis amigos e amigas, que sem superior paixão nada seria possível.

Enfim, éramos apenas história na vitrine, porém que magnífico é o tempo, hoje somos os reais presentes contemplados por nosso passado. O que segue agora é o que todos somos: eternos sonhadores... Então não percam o trem da história e se deixem levar e embarquem nesse túnel do tempo e fartem-se desse devaneio, porque o sonho, não acabou!

Edson de Souza

20 de agosto de 2012

E Souza
Enviado por E Souza em 26/09/2014
Reeditado em 20/06/2017
Código do texto: T4977051
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