Reviravolta
Difícil decisão. Ficar ou arriscar. Arrisquei.
A hora era aquela. Alguns amigos me aguardavam na América com um emprego e a possibilidade de aprender inglês. Desprender-me de minha família seria o pico mais alto da montanha de sentimentos que passaram na minha cabeça na época.
Poucas roupas, pouco dinheiro e olhos voltados para o novo me trouxeram até aqui.
Tudo novo. Conhecimento abundante. Trabalho com possibilidades de crescimento e, no cair da noite, olhos nos olhos pela internet com minha família.
Aos poucos as ruas já me eram familiares, os colegas de trabalho mais próximos e o meu inglês com maior vocabulário. Arrisquei até mesmo uma paquera que rendeu bons frutos, acabando porque a menina mudou-se para o México. Mas nada de saudade. Saudade mesmo eu sentia da minha família. Era uma saudade doída. Era tanta que suspirava fundo antes de abrir o computador, como forma de manter-me forte e não chorar todos os dias.
Sentimento é coisa engraçada. Sucumbe até mesmo um novo mundo.
Após 3 anos, hoje estou no Brasil. Retornei direto para o Rio de Janeiro e minha família continua em Porto Alegre.
Continuo em busca do meu sonho: carreira profissional estável. Sou chefe de cozinha em um famoso hotel.
Algumas coisas mudaram e, no entanto, outras continuam iguais. Mesmo tendo a possibilidade de encontrar-me com minha família com maior frequência, ao cair de todas as tardes continuo respirando fundo.