Na terra do rei
Ocorreu aos 15 anos. Doce como é a brisa das flores. Já não estava entre os seus, estava entre os primeiros, esses que, já não lhe pertenciam mais. Nos sonhos, a luz dourada e ardente que refletia as nuvens, flamejava-lhe o corpo, e as esperanças. Na estrada, sozinha, aquele era seu caminho.
Não que pensasse por demais, era como se soubesse o que viria, tinha certeza, por mais que caminhassem ao seu lado os fantasmas, velhos fantasmas conselheiros. Era bom, além do possível. Tinha medo, mas sim, seria como imaginava. Toda vez que o sol se punha fazia uma oração... Voltar, seria doce.
Sabia que ônibus pegariam antes mesmo de entender, e conversariam, e a prosa estaria feita. Com poucas palavras, no silêncio o corpo acostuma com a presença com mais intensidade, também não queria falar muito, não havia graça, continuava a olhar as nuvens pois lembravam-na do sonho.
Às oito da manhã, o relógio desperta alerta. Pelo canto da cortina a luz alva, pálida, anuncia que choveu, e o vento dá a entender que choveria em breve. Era conspiração dos deuses que não lhe continha o carro naquela ocasião, iria se atrasar. Isto ocorria aos trinta e cinco anos.
No sonho, a estrada sempre longitudinal, ia buscar alguém, alguém que ouvira falar, que continha o amor no olhar, uns poucos gravetos no cabelo, e mãos de ternura. Porém, não estivera ele no ônibus, ele pegara outro.