DOIS IRMÃOS

- Venha cá Romeu! Vamos cavalgar antes que a bruma da noite chegue e nos percamos.

- Não Rodrigo! Deixe-me descansar na rede. Aqui pelo menos eu ganho mais e não me perco.

Rodrigo era um daqueles homens que gostava de descobrir coisas novas, ganhar o mundo...

Romeu? Era seu irmão mais velho, cansado da vida. Desiludido. Não acreditava que sua sorte fosse mudar. Preferia o mundo que já conhecia. Contentava-se com pouco. Quando precisava de comida pegava uma vara, o anzol e iscas e ia pescar. Bastava-lhe ter o pão de cada dia, mais nada. Agradecia a Deus o pouco que sempre teve e bastava.

Rodrigo foi-se embora. Decidira desbravar o mundo. Lutar contra monstros desconhecidos.

- Eu já não sei se o que quero para mim é ficar esperando as armadilhas da vida para depois lutar, disse Rodrigo.

- Eu prefiro ir à luta e vencer o que encontrar pela estrada. Vencerei a fome, o desemprego, a falta de moradia, os meios de transporte e quando achar o que quero construirei meu abrigo definitivo nesta terra de ninguém.

Pensava Rodrigo que não podia ficar esperando a vida acontecer. Ela aconteceria forjada por sua espada invisível da vontade em querer mudar.

Desde que os pais morreram Rodrigo e Romeu ficaram naquela casinha simples. Era um pequeno sitio que poderia suprir necessidades básicas, mas Rodrigo queria mais que aquilo.

Romeu acomodara-se. Era o irmão mais velho. Rodrigo não se contentava com as incertezas e o esperar. Por isto decidira-se a partir com o pouco que tinha e uma pequena mochila com roupas básicas. Tinha apenas 18 anos. O irmão tinha 22.

Rodrigo foi à luta e passados 20 anos havia montado um pequeno negócio que progredira. Tinha agora mulher e dois filhos, uma casa confortável e dois filhos que iam pra faculdade.

Romeu continuou no sitio que não mudara muito. Também casou-se e tinha seis filhos. O mais velho com apenas 15 anos e o mais moço com três.

A única novidade no sitio eram as cabras que sua esposa trouxera e as criava. Fazia queijos, pães e doces que vendia na feira livre da cidade. Não mudaram muito. Eram simplórios. Romeu continuava se contentando com pouco.

Rodrigo queria mais e continuava querendo...

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22.08.14

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 22/08/2014
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