372-RESTAURANTE EM ITABUNA-Notas da Familia em Viagem
Voltando de viagem do Nordeste, passamos por Itabuna cerca de dez e meia da manhã. Estamos famélicos- eu, minha mulher e quatro filhos. Crianças de 7 a 12 anos.
— Vamos parar num restaurante de beira de estrada para comermos qualquer coisa. — Pede minha mulher.
Paro no próximo posto de gasolina, ao lado do qual se lê, em palavras gigantescas:
RESTAURANTE PRATO CHEIO .
Entramos pela porta que dá acesso à lanchonete.
— Por favor, prepare-nos uns sanduíches. — peço ao atendente.
— Agora não dá. — responde o rapaz, naquela malemolência típica do nordestino. Estamos preparando para servir o almoço, não tem ninguém pra preparar sanduíches.
Acho aquilo estranho. Mas, enfim, estamos no nordeste...vivamos como nordestinos. — penso. Olho para o relógio. São dez para onze.
— Então vamos almoçar aqui mesmo — pede Alexandre, mais famélico.
— OK. —
Dirigimo-nos para a porta do restaurante e pretendemos entrar, quando somos barrados à porta pelo mesmo rapaz, que saiu correndo do setor da lanchonete e veio nos avisar:
— Olhe, ainda não podem entrar não. O restaurante só abre as onze e meia.
— Putzgrila! — exclama Maurício, quando saímos do restaurante, à procura de outro. — Deviam mudar o nome do Restaurante.
— E aí, mano? Como é que deveria ser chamado? — Pergunta Cecília.
— Restaurante Passa Fome.
ANTÔNIO GOBBO –
BELO HORIZONTE, 19/NOVEMBRO/2005
CONTO # 372, DA SÉRIE MILISTÓRIAS