conto erótico 130
Conta mais o conto ou a carta que te escrevo?
Gosto destas histórias onde a realidade é um “negócio escuro” entre o autor e o leitor, onde ambos se enganam... Não haver certezas na ficção acaba por ser o melhor negócio, alimentar o ócio, mantê-lo activo e, acordado, ir ao arrepio da realidade.
Quando cheguei a tua filha estava sobre um banco, tu estavas sobre o estrado do bar, eu era quem acabava de entrar. Cumprimentei-vos e requisitei a tua atenção em torno dum copo, sentados na varanda.
Mal fiz a pergunta sabia estar a por em causa a minha relação com a tua filha, mas estava a ser sincero e a fazer charme contigo:
- Estás mais alta? Pareceste-me mais alta que a tua filha.
- Impressão tua, embora tenhas direito a fazer-me sentir agradecida!
As coisas acontecem mesmo assim, ela parecera-me mais alta que a filha. Mãe e filha uns borrachos de morenas de tirar o folgo a um homem treinado e bem dotado, esculturas vivas duma beleza genética partilhada por ambas.
Agora que me sento a escrever as minhas memórias, sei que amanhã esta história vai dar história... Nenhuma filha gosta de ficar mais baixa do que a mãe, ainda por cima por estar em cima dum banco, ainda por cima para a ajudar numas arrumações e tendo querido ajudar fazendo uma limpeza...
Isto pensa a morena filha, depois de ter descido do banco, ter falado com a mãe e antes de vir ter comigo. Para fazer uma cena, distrair-me do que estou a escrever, irritar-se com a minha irritação (pensar “Já uma mulher não se pode irritar”), fazer uma cena, sair e deixar-me a pensar na mãe dela.
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O Assim é anarca, eu sou da mesma marca... Ele adopta o rótulo, eu não imagino onde o poria e nem pouco nem muito o uso. Depois desta carta, o melhor é dizer que foi o Assim a desafiar-me a escrevê-la. É que, mesmo na literatura, não há bela sem senão e, se a bela é o divino espírito santo, o senão é... Quando não está..., partiu!
Isto é como a música, tem tons, sub-tons, fusas e semifusas, tentar dominar a musica toda fica, às vezes, uma coisa confusa. Estilo dodecafonia serial repetitiva, de natureza matemática onde, supostamente, a melodia se aprecia com o intelecto. O bom da coisa é ser maestro e usar a batuta, sentindo o batuque do coração. Nunca te zangues comigo, meu coração!