"ENFIM... FÉRIAS

ENFIM… FÉRIAS

Conto de:

Flávio Cavalcante

Finalmente chegaram as tão esperadas férias de Fernando e Débora. Fazia anos que ambos não conseguiam essa façanha de coincidência. O casal nunca conseguiu gozar férias juntos. Sempre havia um probleminha de um ou de outro. O desencontro era normal nessa época. Eles tentavam de várias formas, mas nunca era possível. Parecia uma feitiçaria ou algo parecido. Mas este ano parece que os deuses foram benevolentes com o casal e deram essa primeira oportunidade.

Por se tratar de uma loteria esportiva, ambos fizeram uma programação nunca feita antes. Fernando queria algo bem diferenciado e de preferência bem longe de sua sogra e parentes próximos da sua esposa; pois ele carregava consigo um asco sem fim e com relação á parentada dela ele sempre fez cara de poucos amigos. Problemas no começo do relacionamento com a Débora que se perpetuou até a atualidade. Débora por sua vez é do tipo de mulher muito família e sofre com as atitudes do esposo que não dar uma brecha pra um relacionamento aberto e Sadio com seus parentes. Segundo ele não sabe ser falso e prefere manter a distância principalmente da velha que mete o bedelho em tudo na vida do casal.

Tudo na casa era providência da Débora; inclusive as passagens para conhecer o Avaí, um dos grandes sonhos de Fernando. Débora comprou as passagens ás escondidas do marido para tornar-se um momento agradável e também inédito neste ano que parecia um presente dos céus.

No dia seguinte Fernando foi passando pelo banco para ver se o pagamento das férias já estava em sua conta e teve uma bela surpresa. Ele percebera que tinha dinheiro em demasia na sua conta e por hora queria gritar de felicidade. Ao mesmo tempo foi envolvido por uma sensação de preocupação. Afinal de contas não era costumeiro ter em sua conta uma quantia altíssima e ele tinha certeza que a empresa que o mesmo trabalhava não era uma empresa muito querida pelo funcionário e arrancaria do funcionário ao invés de dar.

Tendo essa certeza, Fernando procurou o gerente do banco para saber o que estava acontecendo; pois estava preocupado e não podia usar um centavo daquele dinheiro até descobrir a origem do que ele achava que era um problema.

• O DINHEIRO É TODO SEU. (Disse o gerente do banco e até brincou com ele). Se não quiser não tem problema, lhe passo agora mesmo o número da minha conta. Rapidinho eu resolvo esse problema.

- (Riu acanhado). Estranho! (Pensou Fernando tentando de alguma forma descobrir como isso poderia ter acontecido).

Anestesiado, Fernando chegou em casa e contou tudo pra Débora, que também relatara o mesmo fato com ela. Até agora ela não sabia o que estava acontecendo.

• O gerente do meu banco falou que o dinheiro era meu e eu podia usar sem medo. (Disse Fernando já com ar de felicidade). Então vamos usar.

(Fernando pediu por tudo para Débora não comentar com a dona Edileusa para ela não fazer tempestade em copo d’água. Afinal eles queriam curtir as férias dos sonhos. Para completar a felicidade, Débora não aguentou e acabou quebrando o segredo e falou para Fernando sobre as passagens que ela já havia comprado. Fernando não sabia se ria ou se chorava de emoção. Foi uma notícia em cima da outra. E o melhor; notícias muito boas.

Tudo pronto. Chegou o dia da tão esperada viagem. O casal saiu nas caladas da noite para não dar a notícia para a D. Edileusa. Chegou num hotel no Avaí e para a surpresa do Fernando o hotel já estava com todas as Diárias pagas, inclusive um pacote de muita diversão para o casal que passou quase todas as férias num conto de fadas.

Faltava apenas dois dias para o sonho acabar e pôr os pés no chão novamente. A agitação da selva de pedra estava aguardando o príncipe e a cinderela. A volta ao trabalho. No hotel, já em noite alta, Débora recebe uma ligação que a deixou bastante aflita. Fernando percebeu que sua esposa estava chorando muito num canto da cama. Preocupado ele a interroga.

• O que foi que aconteceu, meu amor?

- Mamãe…

• (Com raiva). Mas o que foi que aquela cobra aprontou dessa vez?

- Mamãe está com câncer em estado terminal, Fernando. Minha irmã acabou de me ligar e me deu essa triste notícia. Ela está no hospital e provavelmente não dê tempo de chegarmos a tempo para encontrá-la viva.

Apesar da raiva que Fernando guardava da sogra, em um certo momento ele sentiu algo diferente. E não obstante daquelas férias serem a tão sonhada, o casal feliz jamais imaginara que tudo ia terminar daquela forma. Débora estava desconsolada.

Infelizmente eles não a encontraram viva. Edileusa faleceu quando eles ainda estavam no Avaí. E para a surpresa do casal, toda a despesa do casal na viagem foi tudo pago por Edileusa que queria proporcionar umas férias feliz para o casal, inclusive as quantias depositadas nas contas de Fernando e Débora. Ela deixou uma carta para o Fernando pedindo perdão por tudo e o que ela queria mesmo era saber que ele a perdoaria. Fernando assim que leu a carta ficou emocionado e chorou muito. Em pensamento disse que a perdoaria sim e agradeceu muito aquele momento tão agradável com a sua filha que ela proporcionou e prometeu faze-la muito feliz até que a morte os separe.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 09/08/2014
Código do texto: T4916090
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