conto erótico 131

COM(IA) UMA DONZELA

Imagine que o título foi uma brincadeira e já o esqueci, apenas me lembrarei dele antes de acabar este conto do acto de escrita onde descrevo porque escrevo ou como comecei a escrever?...

A mesma pessoa, com o mesmo tema, num tempo diferente, varia qualquer descrição se não a tiver feito de cor. Há portanto cor... na forma como falamos ou, seja de que modo for, comunicamos.

Eu uso a mímica das palavras no silêncio da escrita, vou do choro de lágrimas verdadeiras a verdadeiras lágrimas de riso. Deixo que os olhos transbordem das suas bordas inundadas pela emoção e sentimento onde o sentir se intensifica e ganha dimensão física.

As melhores lágrimas são as mais lisas a correrem suaves sem queimarem a pele, diferentes de quando somos um alambique fervendo de paixão: amor, ódio, dor, revolta... São lágrimas de donzela que chora à hora da novela sem dar conta e já leva consigo um lenço o qual usa como hábito... neste prazer emotivo para o qual não se interroga sobre o motivo, feliz de tanto sentir das sensações.

Quando pensei começar a escrever, comecei por tentar rir até às lágrimas, descobrindo as palavras capazes de conseguir abalar a caixa torácica em movimentos involuntários de riso. Logo me lembrei da foto onde, tu menina e moça, viajando no estrangeiro com teus pais te fotografaste. Uma foto do Palácio dos Monza, onde no átrio enorme ficaste na moldura dum espelho gigante.

Apenas escreveste nas costas da foto: "Pus-me de gatas sobre o banco, imaginei-te por trás de mim com a cabeça avançando tão lentamente que quis gritar!..." Só isto, e eu ri, chorei, fiquei imaginando conseguir estar histérico e ter um orgasmo a vagir dentro de mim, foram lágrimas de intensa alegria! Quem me visse diria que tinha enlouquecido, fui tomar banho e ensaboei-me até juntar à espuma o material orgânico com o qual, lúbrico, te lubrificava.

Para chorar de tristeza bastou pensar como isto passou à história com a gravidade duma gravidez que ninguém quis, porque não tínhamos idade e tu mentiste-me e eu menti-te e ambos ficámos de acordo, pensando fazer a vontade um ao outro encontrando uma razão onde nos orientámos pelo susto e tu foste a valente e eu senti-me repelente e nem quis pensar mais, bastando-me agora escrever sem pensar depois de já estar a chorar.

Do riso e do choro comecei a escrever e não mais parei, com(o) a donzela que gosta de novelas.

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Escrevo o 131 faltando (saltando) um... 1, a ideia agrada-me.

Gosto de capicuas, catatuas e todas as palavras nuas capazes de se deixar despir ainda semanticamente...

Sou eu e Assim.

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 09/09/2005
Código do texto: T48935