CAIO
Ela não saberia dizer quantas foram as intercorrências que aquele menininho teve que enfrentar, nem o número de internações, a que ele foi submetido.
Como voluntária, à ela restou assistir, e na medida do que lhe foi possível, minimizou e confortou, a ele e a sua mãe.
Vindo de uma favela, das inúmeras que há pela cidade, Caio tinha mais quatro irmãos, ele era o mais velho.
No alto dos seus seis anos de idade, ele matou muitos dragões.
Sofreu muito, vitimado pelo câncer que o obrigou a se expor a três procedimentos cirurgicos delicados, e pós operatórios sofridos, mas a dor maior não habitou o corpinho mirrado do menino. Mas sim, morou em sua alma.
Ele sentiu a falta do pai, que se foi, atrás de uma ilusão, e deixou a família no mais completo estado de abandono, e se não fosse pela mãe valorosa, que de faxina em faxina, conseguiu trazer o pão para casa, todos teriam morrido de fome.
No último natal, a voluntária perguntou ao menino, o que ele queria ganhar? Sem vacilar, com o olhar brilhando feito duas estrelas, Caio respondeu: "que meu pai volte para casa".
Tentando represar nos olhos as lágrimas, ela nada disse, pois sabia que esse pedido não seria possível atender.
Os dias passavam vagarosos e sofridos, naquele leito de UTI, pois o estado de saúde de Caio agravou-se muito.
A mãe amorosa, esperou até o último instante por um milagre, (toda mãe, sempre espera) e sem lágrima, chorou a seco, ao lado do leito do filho.
De repente, alguém se prostou de joelhos. Chorou alto, sem conseguir conter os soluços que lhe saiam ruídosos do fundo da alma. Era o pai do menino, que infelizmente, Caio com os olhos físicos não podia mais enxergar.
Porém, a voluntária guardou a certeza que com os olhos da alma, Caio registrou toda cena, e feliz, matou a imensa saudade que havia em seu coração. Depois, o mesmo aquietou-se, para sempre.
(Imagem: Lenapena)
Obs.: conto escrito em 08/10/2013
Ela não saberia dizer quantas foram as intercorrências que aquele menininho teve que enfrentar, nem o número de internações, a que ele foi submetido.
Como voluntária, à ela restou assistir, e na medida do que lhe foi possível, minimizou e confortou, a ele e a sua mãe.
Vindo de uma favela, das inúmeras que há pela cidade, Caio tinha mais quatro irmãos, ele era o mais velho.
No alto dos seus seis anos de idade, ele matou muitos dragões.
Sofreu muito, vitimado pelo câncer que o obrigou a se expor a três procedimentos cirurgicos delicados, e pós operatórios sofridos, mas a dor maior não habitou o corpinho mirrado do menino. Mas sim, morou em sua alma.
Ele sentiu a falta do pai, que se foi, atrás de uma ilusão, e deixou a família no mais completo estado de abandono, e se não fosse pela mãe valorosa, que de faxina em faxina, conseguiu trazer o pão para casa, todos teriam morrido de fome.
No último natal, a voluntária perguntou ao menino, o que ele queria ganhar? Sem vacilar, com o olhar brilhando feito duas estrelas, Caio respondeu: "que meu pai volte para casa".
Tentando represar nos olhos as lágrimas, ela nada disse, pois sabia que esse pedido não seria possível atender.
Os dias passavam vagarosos e sofridos, naquele leito de UTI, pois o estado de saúde de Caio agravou-se muito.
A mãe amorosa, esperou até o último instante por um milagre, (toda mãe, sempre espera) e sem lágrima, chorou a seco, ao lado do leito do filho.
De repente, alguém se prostou de joelhos. Chorou alto, sem conseguir conter os soluços que lhe saiam ruídosos do fundo da alma. Era o pai do menino, que infelizmente, Caio com os olhos físicos não podia mais enxergar.
Porém, a voluntária guardou a certeza que com os olhos da alma, Caio registrou toda cena, e feliz, matou a imensa saudade que havia em seu coração. Depois, o mesmo aquietou-se, para sempre.
(Imagem: Lenapena)
Obs.: conto escrito em 08/10/2013