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Era uma vez um rei que tinha um coração extremamente duro...
Para ele os pobres eram seres que vinham de um mundo obscuro!
O filho do rei era ensinado deste pequeno a odiar a pobreza...
Bons para o rei eram os que tinham nascido no meio da riqueza!

A nação vivia sobre tensão, pois quem imperava não tinha compaixão...
O filho do rei discordava daquela situação; o pai cruel o deixava sem ação!
Ficava quieto e escrevia num diário, sobre o pranto de ver o triste cenário...
Cada folha da infância era de total desespero; ele era filho do homem gelo!

A coroa reluzente aumentava toda soberba e havia ouro no castelo!
E muitos súditos se ajoelhavam perante aquele que se achava belo...
O ódio o fez decretar uma lei; a morte para quem ajudasse um carente!
E assim durante anos a fio ele sentenciou o final de muita gente...

Para se sentir vitorioso e colocar medo em todos realizou algo surpreendente...
Fez um cemitério de frente ao castelo e ali só enterrava traidores e indigentes
Coitado daquele que não obedecesse ao rei; repugnância aos pobres era a lei!
Causou amargura naquele povoado; seres sem voz que viviam acorrentados!

Porém existiam corações bons que ajudavam os pobres no silencio da escuridão
Seres que mesmo tendo medo do homem atroz ainda praticavam a compaixão
Com olhares marejados os pobres famintos agradeciam de todo coração
Só que um dia no meio do auxílio havia um traidor que fez a desunião...

O rei ficou sabendo e arquitetou uma emboscada para prender os desertores...
Todos foram presos e o rei sentenciou mais uma vez a morte dos traidores!
O guardião do castelo quis dizer algo ao rei antes de concretizar a tal condenação
Mas o rei não quis ouvir e aos gritos ordenou que fizessem da sua ordem uma ação!

E festejou ao ouvir que o silencio foi partido com berros e muito sangue foi jorrado...
Corpos, uns sobre os outros e depois o susto ao ver entre eles o rosto do filho amado!
Ele fora traído pelo próprio fruto e agora uma parte dele iria para o mísero cemitério...
O rei lavou cada aposento do castelo com um pranto sem fim; acabou o império!

O guardião quis alertar que entre os traidores estava o príncipe; o filho do rei...
Mas não foi ouvido; a cegueira do ódio o fez cumprir com urgência a triste lei!
Sobre a cama do príncipe havia um diário; o rei abriu e começou a ler uma vida...
A última folha dizia palavras tão tristes; frases e lastimas de uma dor tão sentida:

— Meu pai matou tantos homens; só porque eles eram diferentes da gente...
— Estou aflito, pois este castelo do horror tem um cemitério logo em frente!
— Meu pai é um homem sem coração e fica feliz com cada morte anunciada...
— Daqui vejo sobre um túmulo o pranto e a angústia de uma mãe desesperada!

— Esta noite levaremos comida e carinho para os que estão passando aflição...
— A minha felicidade se traduz em cada sorriso que eu vejo depois desta ação!
— Eu me pergunto se meu pai soubesse deste feito, se ele mandaria me matar!
— Nada importa; o que importa é a fome de amor que eu vou alimentar...

Depois de ler estas palavras o rei mandou destruir o cemitério da tristeza...
E não quis mais o castelo e andava nas ruas abraçando os que viviam na pobreza!
O rei não tinha mais coroa; não tinha mais trono e não queria mais aniquilação...
Em cada lágrima o rei dizia algo por dentro:
— Veja meu filho, agora eu tenho coração!
 
Janete Sales Dany
Poesia Registrada na Biblioteca Nacional
Janete Sales Dany
Enviado por Janete Sales Dany em 26/06/2014
Reeditado em 19/10/2014
Código do texto: T4858976
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