Um Regimento dizimado
Esta é a história de um “Regimento” antigo que, como num toque de mágica, foi destruído rapidamente pelos generais do mesmo “Exército”.
Parece incrível, mas aconteceu, pois os próprios irmãos de bandeira usaram, inescrupulosamente, da “metralhadora” para saírem vitoriosos dentro dos interesses políticos internos e pessoais, transformando-se em executivos mesquinhos e traidores.
Estes episódios estão sendo contados por um dos sobreviventes que escapou porque não se encontrava no front da “batalha”,estava com outros “soldados”no apoio de retaguarda.
Lamentavelmente, os fatos de maior destaque não se registraram pelo lado do vencedor pois, embora se utilizando da força, os “Generais” da situação aplicaram a estratégia demagógica, ou seja, encostaram seus algozes na parede com muita educação e categoria.
Foi na esfera perdedora, entretanto, que se verificou situação deveras constrangedora, uma vez que o “General” vendo-se perdido, abandonou os seus comandados, deixando-os à mercê dos opositores, não lhes oferecendo o menor amparo.Na realidade, pensando somente nele, procurava refúgio em outro “Regimento”.
O”Coronel”, oficial hierarquicamente abaixo, antes da destruição total, continuou reunindo semanalmente os “oficiais subalternos”, preocupado apenas com a sua imagem pessoal, esperançoso de que pudesse sobreviver e fosse poupado pelos vitoriosos, em razão de se considerar o mais competente, exigindo de seus comandados a observância das ordens com o mesmo rigor de antes, lembrando a todos o fato de que ainda tinham compromisso com ele até o fim.
Da mesma forma, os “oficiais de batalhão” mostravam-se, como era natural, bastante tensos e inseguros, principalmente, os que não obtiveram acolhidas em trincheira neutra, ensejando que os seus “soldados” ficassem sem perspectivas para o futuro.
Em decorrência das circunstâncias, o “tiro fatal” foi dado no final do ano, quando todos deveriam se irmanar.
Pelo aspecto humano, o acontecimento não motivou surpresa alguma, porquanto antes mesmo da exterminação soldados e oficiais do regimento se digladiavam com falsos sorrisos, promessas irreais e atitudes traiçoeiras. A confraternização ocorria de modo exclusivo na época natalina, ocasião em que os cartões ornamentados procuravam esconder a sujeira do ambiente.
A narrativa chega ao seu término, com o expositor “sobrevivente” convicto de que em qualquer setor profissional poderá haver casos semelhantes, alterando tão somente os personagens, porém sem modificar as razões precípuas de origem as quais se referem sempre à prepotência, vaidade e, fundamentalmente, à ganância, características de quem tem o poder nas mãos.
Obs: Este conto se baseia em ocorrências fidedignas e reais e foi escrito originalmente por este signatário, na data de 24 de novembro de 1980.