SOLITÁRIA

Bem ali, na antiga loja de móveis usados do senhor Jonatas havia uma cadeira modesta de carpintaria, sem assento e tampouco encosto. Uma herança de família. Contudo o objeto foi mau utilizado e conservado, por isso, nomeada pelo próprio Jonatas de Solitária. Por longos vinte anos ninguém comprou Solitária, pois, em verdade, quem gostaria possuir uma cadeira que não permite conforto?

Enquanto outros móveis confortáveis eram vendidos, Solitária, criava teias de aranha.

Entre muitos objetos, o deboche rolava solto no estabelecimento. “Solitária, a cadeira que nunca será comprada por um humano!”, disse um sofá. “Solitária, é um descarte e apodrecerá quando esse lugar deixar de existir”, disse uma poltrona.

Mas Solitária não respondia, preferia ficar calada a ter que lidar com desaforos.

Os anos calharam e o senhor Jonatas se viu obrigado a vender sua loja para a construção de uma obra governamental. Como o presságio, Solitária acabou esquecida e descartada. Finalmente estava feliz e liberta do mundo para servir outras funções. Comida pelos insetos e sua madeira satisfazendo de morada para cupins.

Os colegas, móveis, de outrora, em cômodos de casas, ocuparam as funções de qualquer assento, servindo para a decoração mobiliária e conforto para muitas bundas. Escravos da sociedade.

Obrigado por ler meu trabalho.

L S Amaro
Enviado por L S Amaro em 15/06/2014
Reeditado em 31/08/2015
Código do texto: T4846291
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.