UM SERVIDOR PÚBLICO, NÃO POR ACASO. [Baseado em um caso real].
(Continuação de 13/06/14).
(Continuação de 13/06/14).
Navarro, como todos os outros chefes em discurso de apresentação, disse estar disponível a receber qualquer um que estivesse com problemas no trabalho, para que as questões em suspense fossem resolvidas. Era amigo, podiam acreditar. Sua porta, melhor dizendo, a porta de sua antessala estava sempre aberta com a secretária a postos; difícil era alguém ser recebido por ele, pois estava muito ocupado, repetia a secretária. Quanto a ser amigo, o era sim, só esqueceu de completar de quem. Talvez do urso.
Fiscalizando o processo de uma fragata, navio que nunca havia dado trabalho em sua contabilidade, encontrou divergências; e, como de praxe, entrou em contato com o intendente, para que enviasse os comprovantes que faltavam, devidamente fundamentados. Havia detectado pagamento de passagens para a esposa do almirante, e materiais de percussão, o que causou espécie naquela seção da Execução Financeira.
Desde a troca do diretor que controlava os gastos de forma equilibrada naquela Organização Militar — as famigeradas OM — passaram, esses gastos, a ser feitos sem regras, de forma incompatível com a lei de orçamento vigente. Leonardo ficou pacientemente explicando as normas em que deveriam estar enquadradas aquelas compras; do outro lado da linha, mostrando todo seu descaso para tais explicações, o militar intendente disse que ia conversar diretamente com Navarro para resolver “aquelas bobagens”. Pouco tempo depois, entrou a secretária do chefe na sala, que, olhando apreensiva para o colega, disse:
— Leonardo, o chefão quer falar com você!
— Ah, Caterina, obrigado. Vou ao banheiro e depois vou lá.
Logo depois, foi à sala do chefe do departamento pensando em comentar o ocorrido no caso da fragata.
— Com licença, chefe!
— Entre tê efe eme cê — Disse Navarro, soletrando as iniciais da função do subalterno, que não lhe era nada simpática, e completou: — Sente-se!
Olhando-o e tamborilando os dedos no vidro da mesa, o chefe começa o que ele entende por bronca.
— Então, meu jovem, te chamei aqui pra dizer que meu amigo, você sabe, né, o intendente do navio Almirante Barroso... somos da mesma turma, me ligou dizendo que você tá criando caso por causa de umas comprinhas necessárias à diversão da tripulação. Que bobagem é essa?
O comandante olhando o funcionário com um sorriso de fim de caso, espera um pedido de desculpas.
— Chefe, eu não estou, de jeito nenhum, criando caso. Estou cumprindo, como sempre fiz, as normas que regem a coisa pública. No caso, a intendência desse navio está agindo como se o sub-repasse da verba fosse destinado à recreação e vontades daquele comando. Mas, chefe, me desculpe, não é!
(Continua em 15/06/14)
Fiscalizando o processo de uma fragata, navio que nunca havia dado trabalho em sua contabilidade, encontrou divergências; e, como de praxe, entrou em contato com o intendente, para que enviasse os comprovantes que faltavam, devidamente fundamentados. Havia detectado pagamento de passagens para a esposa do almirante, e materiais de percussão, o que causou espécie naquela seção da Execução Financeira.
Desde a troca do diretor que controlava os gastos de forma equilibrada naquela Organização Militar — as famigeradas OM — passaram, esses gastos, a ser feitos sem regras, de forma incompatível com a lei de orçamento vigente. Leonardo ficou pacientemente explicando as normas em que deveriam estar enquadradas aquelas compras; do outro lado da linha, mostrando todo seu descaso para tais explicações, o militar intendente disse que ia conversar diretamente com Navarro para resolver “aquelas bobagens”. Pouco tempo depois, entrou a secretária do chefe na sala, que, olhando apreensiva para o colega, disse:
— Leonardo, o chefão quer falar com você!
— Ah, Caterina, obrigado. Vou ao banheiro e depois vou lá.
Logo depois, foi à sala do chefe do departamento pensando em comentar o ocorrido no caso da fragata.
— Com licença, chefe!
— Entre tê efe eme cê — Disse Navarro, soletrando as iniciais da função do subalterno, que não lhe era nada simpática, e completou: — Sente-se!
Olhando-o e tamborilando os dedos no vidro da mesa, o chefe começa o que ele entende por bronca.
— Então, meu jovem, te chamei aqui pra dizer que meu amigo, você sabe, né, o intendente do navio Almirante Barroso... somos da mesma turma, me ligou dizendo que você tá criando caso por causa de umas comprinhas necessárias à diversão da tripulação. Que bobagem é essa?
O comandante olhando o funcionário com um sorriso de fim de caso, espera um pedido de desculpas.
— Chefe, eu não estou, de jeito nenhum, criando caso. Estou cumprindo, como sempre fiz, as normas que regem a coisa pública. No caso, a intendência desse navio está agindo como se o sub-repasse da verba fosse destinado à recreação e vontades daquele comando. Mas, chefe, me desculpe, não é!
(Continua em 15/06/14)