Lembranças da Infância

Existem muitas lembranças no decorrer de nossas vidas. Algumas são tristes outras felizes. Algumas colaboram para que cresça em nós aquela paixão. Aquela avassaladora. Que tira nosso folego, derrama lágrimas de felicidade. E faz muitas vezes sentirmos vontade, de unificarmos a ele. foi assim que nasceu minha paixão pelos rios. Não lembro nitidamente dos detalhes, devia ter uns seis ou sete anos quando tudo aconteceu. Minha mãe resolveu fazer uma visita a minha avó que morava no sitio. Num lugarejo chamado Boa Vista da Vassoura. Fica lá pros lados de Pirai do Sul no Paraná. Na época, e acho que até os dias de hoje não deva existir uma condução para chegar. Então fomos num caminhão, um velho caminhão que devia ser usado para carregar os bichos e hortaliças que geriam a renda do povo local. Quando o caminhão retornava ia cheio de moradores com suas sacas de compras feitas na cidade, e as vezes um ou outro visitante. A estrada não era das melhores, asfalto nem em sonhos. Lembro do sacolejar feito pelas rodas em atrito com pedras e buracos. E da cor da terra que era novidade para mim. Aquela cor vermelha escarlate com sulcos feito pela água da chuva. Que cor era aquela eu pensava enquanto o caminhão viajava. As vezes avistávamos uma casinha lá ao longe e minha mente ficava sonhando com os moradores que lá habitavam.
E vinha um riacho... O caminhão passava devagarinho por dentro da água, eu colocava a cabeça para fora e ficava namorando aquela água transparente.Novamente a estrada e nós sacolejando. Para mim era uma felicidade.
Lá numa certa altura um rio largo, sem ponte. Todos os passageiros deviam desembarcar, e lógico eu amei descer ali! Já estava cansada daquele sacolejar pela estrada. A beira do rio ficou lotada com os passageiros daquela condução estranha.
Aproveitei um descuido de minha mãe e corri para a água, estava com sede suja da poeira da estrada. E me joguei naquela água geladinha molhei tudo a roupa o sapato o cabelo... E por falar em cabelo! Foi por ele que eu fui puxada, só senti a dor e corpo sendo arrastado. Metade de mim estava na estrada a outra metade no rio encharcada. E ali apanhei, e doeu. 
__Òh, como doeu! Assim que a sessão de pancadas acabou, pois alguém me salvou. A mãe descuidou novamente, e eu fingindo um tropeço cai novamente na água. Que água bendita, gelada curou as feridas que por minha mãe foi deixada.
Então já estava molhada mesmo, todos que ali estavam deram risadas. O rio curou minhas dores, matou minha sede meu calor e a poeira da estrada. E minha paixão nasceu ali e nosso relacionamento permanece vivo até hoje. Quando fico tempo sem vê-lo, corro atrás de um rio. A pé de carro ou a cavalo, não posso ficar muito tempo de minha paixão afastada.

Arlete klens
ARLETE KLENS
Enviado por ARLETE KLENS em 11/06/2014
Reeditado em 11/06/2014
Código do texto: T4840963
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