Não há enchente que não seque!
Tarde fria e sonolenta... Surge em minha mente algo distante; não entendo como se fixou nas paredes de minha memória. Eu tão criança... Naquele momento, sem entender a razão do desconforto de minha mãe, ao contar o ocorrido para o meu pai:
– Acredite, Rogério... Ele olhou para as nossas compras e disse: “ Não há enchente que não seque”! Fiquei sem palavras. Imagine... Logo ele, que senta a nossa mesa, e se regala com o melhor... Nunca o tratamos com diferença!
O senhor Lucas era um conhecido de meu pai.
Morávamos no interior, em uma casa na rua principal de Palmares – PE: Rua Maurity, Nº 400. A feira tomava conta da nossa calçada, bem a nossa porta, e a minha mãe fazia uma feira grandiosa, balaio repleto, de tudo quanto precisávamos – não havia Supermercados, era só a feira de rua.
O senhor Lucas era muito pobre, sem família, e vez por outra aparecia na casa de meus pais. A minha mãe sabendo de suas necessidades, o colocava à mesa conosco. Ele era do tipo que olhava por baixo... Jamais gostei, nem confiei em gente que não olha direto nos olhos.
É impressionante o fato de eu, tão pequenina, lembrar de cada detalhe daquele homem: seu andar, sua magreza, seu olhar... Até o chapéu que ele jamais tirava.
Há pessoas que acolhemos desconhecendo que são serpentes; há pessoas que estendemos a mão para sermos picados.
Hoje entendo à revolta de minha mãe: aquele homem desejou que a mesa que o alimentava esvaziasse... A nossa mesa sempre foi farta, graças a Deus! Houve um tempo em que as águas que sobejavam desceram o seu nível, porém, permaneceram caudalosas, de fonte inesgotável.
A maldição sem razão não virá! (Bíblia Sagrada).
O trabalho, Não há enchente que não seque, De EstherRogessi está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Imagem Web.
Tarde fria e sonolenta... Surge em minha mente algo distante; não entendo como se fixou nas paredes de minha memória. Eu tão criança... Naquele momento, sem entender a razão do desconforto de minha mãe, ao contar o ocorrido para o meu pai:
– Acredite, Rogério... Ele olhou para as nossas compras e disse: “ Não há enchente que não seque”! Fiquei sem palavras. Imagine... Logo ele, que senta a nossa mesa, e se regala com o melhor... Nunca o tratamos com diferença!
O senhor Lucas era um conhecido de meu pai.
Morávamos no interior, em uma casa na rua principal de Palmares – PE: Rua Maurity, Nº 400. A feira tomava conta da nossa calçada, bem a nossa porta, e a minha mãe fazia uma feira grandiosa, balaio repleto, de tudo quanto precisávamos – não havia Supermercados, era só a feira de rua.
O senhor Lucas era muito pobre, sem família, e vez por outra aparecia na casa de meus pais. A minha mãe sabendo de suas necessidades, o colocava à mesa conosco. Ele era do tipo que olhava por baixo... Jamais gostei, nem confiei em gente que não olha direto nos olhos.
É impressionante o fato de eu, tão pequenina, lembrar de cada detalhe daquele homem: seu andar, sua magreza, seu olhar... Até o chapéu que ele jamais tirava.
Há pessoas que acolhemos desconhecendo que são serpentes; há pessoas que estendemos a mão para sermos picados.
Hoje entendo à revolta de minha mãe: aquele homem desejou que a mesa que o alimentava esvaziasse... A nossa mesa sempre foi farta, graças a Deus! Houve um tempo em que as águas que sobejavam desceram o seu nível, porém, permaneceram caudalosas, de fonte inesgotável.
A maldição sem razão não virá! (Bíblia Sagrada).
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