Alface Sagrada.
Com a alface do almoço saliente, exposta no dente canino esquerdo, Leidinalva seguia alva, rumo à agência das Lotéricas local, a cumprir seu dever cívico de quase quarenta anos, que era sua 'fézinha' sacra das quartas-feiras... A alface jazia lá, na maioria das vezes, já sem bactérias devido ao vinagre e aos ácidos estomacais de Leidinalva, que não era mais calma por falta de tempo, já que esperança e sonho eram, para si, seus sobrenomes... Um dia ganharia na mega-sena, monologava, nem que fosse no além-mundo... Mas ninguém, até hoje, não se sabe por quais motivos cognitivos, tivera coragem de avisá-la sobre a alface sagrada...