O INQUILINO
nunca foi possível explicar o que realmente aconteceu na casa da rua 17, embora tão pouco fosse coerente sustentar dúvidas de que houve um início e um fim para aqueles eventos insólitos. foi numa noite fria de outono, próximo das 22:00, entre o abismo que habita o desligar das luzes do lar e o momento de buscar o sono quando já oculto entre a cama e as cobertas. tornaram-se invisíveis nas trevas, trocaram algumas palavras e concordaram estarem ouvindo passos pela casa. Na verdade não tinham certeza se era o chão de madeira, ou porão ou do sótão. acenderam as luzes, andaram de mãos dadas pela casa, contraíram-se de medo, armaram-se de rodo e vassouras, suaram frio mas não encontraram nada. os dias se passaram e a situação perdurou por semanas sem solução. Seguindo um protocolo mal definido, apelaram para ajuda externa. veio padre exorcista, pastor, polícia, serviço de dedetização e o gato da vizinha: sem sucesso. acostumaram-se enfim com o inquilino invisível, só faltava deixar um prato a mais para o jantar. Certa noite porém aconteceu de estarem na sala assistindo um filme e foi quando a luz da sala e a televisão deram sinais visíveis de que iria acontecer uma queda de energia notaram que algo aconteceria, junto disso ouviu-se um grito de dor impossível de identificar de qual cômodo da casa vinha, se era de bicho ou se era de gente: alguém ficou preso na rede elétrica! gritaram juntos de medo e abraçaram se espontaneamente. ouviram alguém ou algo correndo se distanciando dali. na noite seguinte, durante o jantar, não ouviram som algum, e assim foi nas noites que se passaram. A paz reinava novamente no lar, embora, feito uma cicatriz, o desconforto e a sensação de impotência nunca mais foram embora daquela casa