A esfinge da mooca
domenico observava amália, amália sentada, de pernas varicosas e cruzadas, xícara de mate em mãos frágeis retribuía criando entre eles uma travessia intangível. Era sempre ela quem iniciava as conversas e os assuntos eram os mesmos porquês, fosse na penumbra de uma tarde fosse perante a incandescencia de uma vela. Domenico eternizado, mesmo paletó escuro pendurado a altura da janela, avizinhado de algumas porcelanas limitava-se sempre ao bigode fino, sobrancelha negra e olhos de lua nova, era a mais nove esfinge do bairro da mooca, só mesmo amália o compreendia. Cansada, ela disse que iria pegar mais uma xícara de chá, Domenico, limitado, consentia tudo através da inércia, em preto e branco manteve-se calado sem saber qual parede ou reboco iria cobrir em endereço ou casa longe dali.