Eu e meu cachorro
Duque. Ele já está com treze anos. Às vezes achamos que está ficando surdo, com certeza já não enxerga direito. Fica nos seguindo pela casa de um lado para o outro, mas só vai até a metade do caminho. Se vamos ao banheiro vai até a metade do corredor, se vamos à área de serviço vai até a metade da cozinha. Ontem a noite, como de costume, lá vem ele seguindo-me pela casa, só até a metade do caminho. Observando aquilo com mais atenção, me deparei com ele parado no meio do meu quarto, pêlo branco, magrelo, o olhar meio lânguido. Retruquei: - O que foi rapaz? O que é que você quer? Fiz carinho em sua cabeça passando as mãos por entre seu corpo até minhas duas mãos se encontrarem no meio da sua coluna. Involuntariamente senti seu delgado corpo alongar-se num movimento plácido. Prossegui com o gesto por mais alguns minutos, até que ele simplesmente se vira e caminha no sentido da sala. Só queria um agrado.
Alguns minutos depois, estou eu no banheiro fazendo um xixi básico, quando TRÁ-TÁ-TÁ-PUM-PÁ, fogos de artifício. Gol!! E logo de quem? Do medonho do Flamengo. Não vai demorar muito para que o Duque vá de encontro ao banheiro. Como a grande maioria dos cachorros, morre de medo do estrondo dos fogos. Ao menor barulho, seu recanto sempre foi o cantinho do banheiro debaixo da pia, ali fica tremendo de medo, e não há santo que o tire, é assim desde filhote. Passou um minuto, até que o escutei forçando a porta. Ainda com a calça no meio das canelas abri a porta do banheiro para que ele entrasse. Foi direto para pia e ficou tremendo, enquanto a raça flamenguista comemorava seu maldito gol.
Voltei a observá-lo, logo fui a área de serviço, catei uns velhos tapetes e coloquei comodamente por cima de seu corpo. Ele mesmo se aconchegou no meio dos tapetes. Subitamente parou de tremer, só olhava para o nada, para o vazio, mas parou de tremer. Pensei, será que estremece de frio do piso gelado, ou de medo mesmo? Não! Como um bom poodle que se preze ele é um autentico medroso. Porém sossegado ele ficou, aquecido e aconchegado. Tentei uma meia conversa: - Hei rapaz! Tudo tranqüilo? Nem sequer me olhou, é pedir demais para ele.
Contudo lá estava ele na sua serena vetustez. Meu velho amigo e companheiro, perdido na sua paz.
Duque. Ele já está com treze anos. Às vezes achamos que está ficando surdo, com certeza já não enxerga direito. Fica nos seguindo pela casa de um lado para o outro, mas só vai até a metade do caminho. Se vamos ao banheiro vai até a metade do corredor, se vamos à área de serviço vai até a metade da cozinha. Ontem a noite, como de costume, lá vem ele seguindo-me pela casa, só até a metade do caminho. Observando aquilo com mais atenção, me deparei com ele parado no meio do meu quarto, pêlo branco, magrelo, o olhar meio lânguido. Retruquei: - O que foi rapaz? O que é que você quer? Fiz carinho em sua cabeça passando as mãos por entre seu corpo até minhas duas mãos se encontrarem no meio da sua coluna. Involuntariamente senti seu delgado corpo alongar-se num movimento plácido. Prossegui com o gesto por mais alguns minutos, até que ele simplesmente se vira e caminha no sentido da sala. Só queria um agrado.
Alguns minutos depois, estou eu no banheiro fazendo um xixi básico, quando TRÁ-TÁ-TÁ-PUM-PÁ, fogos de artifício. Gol!! E logo de quem? Do medonho do Flamengo. Não vai demorar muito para que o Duque vá de encontro ao banheiro. Como a grande maioria dos cachorros, morre de medo do estrondo dos fogos. Ao menor barulho, seu recanto sempre foi o cantinho do banheiro debaixo da pia, ali fica tremendo de medo, e não há santo que o tire, é assim desde filhote. Passou um minuto, até que o escutei forçando a porta. Ainda com a calça no meio das canelas abri a porta do banheiro para que ele entrasse. Foi direto para pia e ficou tremendo, enquanto a raça flamenguista comemorava seu maldito gol.
Voltei a observá-lo, logo fui a área de serviço, catei uns velhos tapetes e coloquei comodamente por cima de seu corpo. Ele mesmo se aconchegou no meio dos tapetes. Subitamente parou de tremer, só olhava para o nada, para o vazio, mas parou de tremer. Pensei, será que estremece de frio do piso gelado, ou de medo mesmo? Não! Como um bom poodle que se preze ele é um autentico medroso. Porém sossegado ele ficou, aquecido e aconchegado. Tentei uma meia conversa: - Hei rapaz! Tudo tranqüilo? Nem sequer me olhou, é pedir demais para ele.
Contudo lá estava ele na sua serena vetustez. Meu velho amigo e companheiro, perdido na sua paz.