Jardim das flores
Era uma vez!...
Na casa de dona Helena um maravilhoso jardim, que falava com o horizonte, ouvindo dos sapos o coaxá, dos grilos o garritar e dos pássaros o dia feliz. E para ficar melhor alguém doou umas flores de buquê vermelho, quais tonalizaram melhor tão famoso jardim.
Adaptadas, as flores cercaram toda a casa, que borboletas, beija-flores e põe a mesa viviam a idolatrar. Por tempos tornaram-se a sensação do lugar. Mais quem queria um filhote e assim, quem passava na rua, mesmo sem pedir levava um pedaço.
No âmbito do jardim, de tanta paparicação, aos poucos as flores adquiriram soberba, chamavam de selvagens as flores amarelas que nasciam na beira da estrada e inebriavam o pobre beija flor, que todas as manhã, como escravo se ajoelha e sugavam o néctar. A cor carmim inusitava os fins de tarde, quando o sol acompanhado da solidão se deitava. E na maioria das manhãs, se apresentavam mais do que as demais, que pelos cantos ficavam humilhadas.
Numa manhã qualquer, após uma chuva forte da madrugada, quando o cheiro do capim molhado ainda rescendia. Dona Helena descobriu uma flor branca, que toda envolta nas gotas do orvalho chuvoso brilhava à medida que o sol ascendia.
Tão apaixonada ficou dona Helena que tratou logo de por no pé da plantinha muita terra e em pouco tempo já sentia-se o exalar pelas janelas afora o perfume inebriante.Tão mais envolvente, quanto terno o perfume e o carisma das plantinhas, que os grilos, gafanhotos, besouros, beija flores, a cortejavam sem parar, noite e dia. O sucesso foi tanto, que logo, logo ela se tornou a rainha do lugar.
As flores vermelhas em buquê, aos poucos, se tornaram simples na casa e a que sempre vicejava, iluminava, a de tom puro, que enchia a alma da casa, fora muitas vezes festejada, até que fora batizada pelos pássaros, com o nome de flor de lis.
Vaga lumes encantados com a formosura dançavam ao redor, enquanto as flores vermelhas começavam a se esconder, até perecerem na solidão orquestrada por suas próprias mãos.