Cigarro, um trago e um bom papo
Quando não estava bem consigo mesma, na escuridão de seus pensamentos e de sentimentos vãos, Daniele precisava beber. Sair pra rua, pegar vento no rosto, deixar as lágrimas lavarem sua alma triste e às vezes sofrida, lhe fazia muito bem.
Mas naquela noite era diferente, estava muito triste, sentia-se sozinha e precisava beber. Saiu de casa a pé, sem levar celular para que ninguém a achasse, carregando somente sua identidade, seu cigarro, seu dinheiro, e sua chave para mais tarde voltar.
No caminho cruzou com alguns amigos, pois era muito conhecida, e educadamente cumprimentou-os sem demonstrar tristeza, alguns perguntaram o que fazia naquela noite fria sem companhia, caminhando sozinha e alertaram que isso poderia ser perigoso.
Daniele ignorou os comentários, deu desculpas e continuou seu trajeto sem rumo, até avistar um bar, foi até a sua porta, viu como era a cara dos habitantes, olhou a mesa de sinuca e resolveu entrar.
Sentou-se em uma mesa, chamou o garçom, pediu o menu, mas logo de cara fez o pedido, Por favor, uma dose de tequila prata com limão e sal. O garçom vendo aquela bela mulher, esticou seus olhos e ao fazer menção de perguntar algo, entendeu seu olhar, anotou o pedido e retirou-se da mesa.
O bar tinha um ar retro, com pouca iluminação, um verdadeiro boteco. Em um canto havia uma musicbox com canções dos anos 80 e 90, que naquele momento tocava Always do Bom Jovi. O que propiciava o clima para o que desejava.
O garçom retornou com seu pedido, e ela vendo que havia mais fumantes no bar, solicitou um cinzeiro, ao ser atendida, pegou seu cigarro, o ascendeu e começou então a beber e a fumar.
Depois daquela dose, houve mais duas, até que um homem aproximou-se de sua mesa, pedindo permissão para sentar-se a sua frente, e com a permissão concedida, sentou-se a apresentou-se de forma educada.
Seu nome era Roberto, tinha seus 28 anos, um ano mais velho que Daniele, era um homem branco de olhos castanhos escuros assim como o seu cabelo, era magro, não tinha nenhum corpo atlético, mas com uma boa aparência.
Conversaram por horas, enquanto ela bebia sua tequila, ele seu uísque, ela fumava e ele apenas a observava com certo interesse. Naquela noite, Daniele queria beber, afogar suas mágoas, afundar-se na tristeza sem ter que pensar no amanhã.
Roberto tinha ido ao bar para tomar algo, pois estava de passagem pela cidade, por estar a trabalho. Sendo assim, quis pegar o número seu número de telefone, seu e-mail, algum meio de manter contato, mas ela não tinha e não estava disposta a dar.
E quando cessaram-se as palavras, o desejo dele por ela aumentava, convidou-a para ir até o hotel onde estava hospedado, para que continuassem a noite...
Daniele olhou em seus olhos, segurou suas mãos, deu-lhe um beijo casto no rosto, pediu para o garçom a conta e lhe disse a seguinte frase:
Nesta noite não quero sexo, quero como companhia a bebida, o meu cigarro, um papo e nada mais.