A Lenda Da Fada e o Chacal...
(Leti Ribeiro)
(Leti Ribeiro)
Andando sorrateiro,
Em dor absurda,
Sentiu sua ferida sangrar...
O vento frio batia em seu corpo
Fazendo-o gemer de dor,
Saltando uivos dolorosos ao relento,
Procurava abrigo e ansiava descanso...
Vagando pela floresta,
Sentiu o cheiro de humano...
Aguça o faro e confirma a presença...
Sangue quente! Seria sua próxima refeição?
Ou seria um caçador atrás de seus rastros...
Entre arbustos, a espreita espia,
E vê um humano, mas esconde-se e observa de longe,
Ouve uma canção de uma doce voz trazida pelo vento,
Ela em vestes brancas, cabelos negros reluzentes,
Vira-se, então, ao vê-la sob a luz reluzente da lua...
Refletindo um brilho inigualável, que vinha de seus olhos...
Aquela luz pareceu de fato transmitir magia
Assim o chacal fica inerte, perplexo e absorto,
Quem seria aquela Dama da noite?
Seria a tal Fada das florestas, que há muito se falavam por ali?
Dizia a lenda, da existência de uma Fada,
Amiga e defensora de animais solitários perdidos.
Mas nunca tinha visto com próprios olhos...
Ficou petrificado.
Ele ao senti-la aproximar-se, mostrou-se arredio,
Com furor de um alfa e instinto selvagem;
Fez um rosnado de pavor...
Ela não teve medo,
Sabia que do calor de suas mãos,
Sua doce magia, o encantaria e o curaria,
Seu toque seria para vida e salvação.
Ele pressentiu então seu bem querer...
Mostrou-se manso, as orelhas baixas, a boca fechada,
Demonstrando aceitação e entrega...
Precisava de cuidados,
A muito já vagava entre a completa escuridão
Com o peito ferido, doido na negra solidão.
O olhar a Fada, transmitiu-lhe paz...
E pressentiu que seria bom...
Tinha dor, tinha medo, tinha fome, tinha sede!
Virou-se e firmou-lhe o olhar...
Olhos nos olhos...
Ela ao vê-lo estendeu os braços...
Pois notou o sangrar de seu peito,
Aproximou-se e o tocou, com sua mão de luz.
O chacal sentiu o calor em todo seu corpo
E num passe de mágica, chegou enfim a cura.
E a ferida fechou-se e o sangue cessou.
Ela com seu coração generoso...
Pressentiu a fraqueza e ânsia de amparo,
Vê-lo perdido e medonho, olhar de um lobo solitário.
Sentou-se ao seu lado e deu-lhe de beber,
E ele ao ter aquele toque de luz em seu peito
De imediato adormeceu...
A fada deitou a sua cabeça em seu colo
E acariciou seu pêlo acinzentado,
Realizando ali o milagre do amor.
A energia da fada circulou em seu corpo.
Fazendo-lhe renovar as forças,
A partir de então a conexão do Chacal e da Fada
Passou a ser uma só, transformou-se,
Em Lobo-Homem, instintivo, onisciente...
Foi um único sono, que mesmo por poucos instantes,
Pareceu para ele intenso e profundo...
Despertando, olhou-se no reflexo da água a luz do luar...
E viu uma imagem refletida no lago,
Assustou-se, medonho, quem será este?
Um humano? Não! Era ele próprio...
Transformou-se com pés, mãos,
Corpo formoso, Hércules viçoso...
Coração acelerou...
E um magnetismo inesperado,
O fez olhar deslumbrado para a Fada...
A fada transferiu parte de seus poderes para o Chacal
Os olhos dele então se abriram, era agora homem...
Tudo que ele via e ouvia tinha agora nova nuance...
A batida de seu coração era intensa!
O seu pulso era vibrante e sentiu como num impulso incontrolável
Vontade de aproximar-se da Dama da noite,
Oh! Bela dama, fada linda, fada querida...
Uma ligação enérgica de bons fluídos.
Ela como se lesse seu pensamento, foi ao seu encontro,
E o abraçou com todo meu sentir,
Os corpos envoltos em sonhos e estremeceram,
E um beijo doce, cheio de candura e tudo novo...
Ele nunca tinha sentido e feito algo tão flutuante...
O coração acelerava e ao tocar de apenas de lábios
O corpo por inteiro queimava...
E como a flor e o beija-flor a procura do néctar,
Ele enfim conheceu o amor...
Magia envolta, não era mais dor!
E sim, uma sensação forte,
Enérgica, viva, todo o corpo emanava vida!
Com um leve toque na pele lisa sem pêlos,
A sensibilidade aflorava, surgindo fluídos de uma energia cósmica.
Energia vital da alma canina,
Latente, envolta, instintiva...
Era vida, era amor, era mágico, sentir sem dor!
O encontro de duas almas distantes,
Que naquele dia, em uma noite de lua cheia.
Ele reviveu e percebeu que o lado do lobo ferido
Fugiu de dentro de seu coração...
E partir daquele momento
A fusão da Fada e o Chacal foi um elo eterno,
Entrelaçados em uma união transcendental,
Uma ligação de alma, amor real, amor sem igual...
Unidos o Homem–lobo e a Dama-fada,
Uma fusão do amor, em noite de lua cheia,
Os mais românticos já não tinham medo
Ao passear a noite pelas trilhas da floresta,
Quando ouviam uivos e gemidos distantes
Para estes, era os ecos como de uma linda canção,
Da lenda de um Lobo que amou a Fada,
E da Fada que salvou o Lobo...
A fada não sabia,
Mas o lobo era vítima de uma maldição...
Liberto agora estava.
Mas preso ficou nos laços da magia.
A energia então recebida,
Tornou-se seu grande amor...
Livrando-o da maldição e da dor...
Mas como Chacal para sempre ficou...
A história da aquela floresta encantada,
Dizia-se que por lá, na noite de lua cheia,
Sempre uma dama andava as margens do lago,
Na companhia de um lobo acinzentado,
Que diziam ser seu namorado,
Em noite de luar prateada,
Eram vistos por ali, dois seres encantados...
Fim
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