Você é tão bonito
Era um velhinho solitário que já devia ter seus oitenta anos de idade. Estava sentado em uma cadeira de rodas. Seu olho esquerdo era um castanho sem brilho, o outro era cego, possuía u medonho nariz aquilino e orelhas de abano. A face repleta de rugas e boca sem cor com poucos dentes combina com as profundas olheiras logo a baixo de seus olhos.
Era pálido , sua pele quase transparente deixava visível a maioria de suas veias. Na cabeça poucos fios brancos, havia manchas que se estendiam por todo seu corpo a partir do seu pescoço enrugado. Suas mãos eram tremulas e as unhas um pouco compridas. E para completar o terrível quadro, o velho era corcunda.
Contrastando com o homem, a menina de olhos vermelhos levemente inchados percebeu, havia um belo jardim. Cheio de rosas, violetas, lírios e outras flores que a criança com sua pouca idade não soube identificar.
E logo no centro estava um chafariz com vários querubins de face gentil danando.
O velho a pouco descrito cuidava do jardim todos os dias, fosse regando, aparando ou semeando. Tratava as flores com tamanha delicadeza como se essas fossem suas filhas.
“Aproxime-se criança.” Disse o senhor ao reparar na presença da menina.
Esta cainhou em sua direção temerosa, mas o medo se foi ao ver um sorriso agradável se formar nos lábios do mais velho.
Ele cuidadosamente colheu uma rosa e a ofereceu a garota.
A mais nova apenas soltou uma gostosa risada de alegria e aceitou o presente, como se este fosse o mais belo que já havia ganhado. Logo sentiu a mão branca do homem afagar seus
Não foi dita palavra alguma, mas a jovenzinha pensou consigo mesma “Você é tão bonito”.
Sim, de fato, o velhinho monstruoso era belo aos olhas infantis. Por que estes não enxergavam sua aparência, mas sua alma.
No meio de todos aqueles adultos cruéis, com mãos frias e palavras rudes, o velho no jardim era o mais bonito.