MENTIRA SINCERA

Ela tinha apenas 11 anos de idade

E me disse já estar cansada de viver

Entre tantos absurdos

Disse que iria desaparecer...

Ingênuo! Não pude compreender

Até que na penumbra da noite desperto assustado

Sufocado e me perguntando o porquê,

Como não pude compreender?

Desesperado!

A procuro na estrada, no alto das casas, em todo lugar...

A encontro à beira de um poço a meditar

E sem nada desejar...

Ela me diz estar pronta para viajar.

Peço-a para esperar, para pensar, para..., para...

Digo que ainda há bondade e felicidade,

Que há pessoas sorrindo nas praças,

Achando graça, alcançando a graça,

Vivendo a seu modo seus sonhos e fantasias...

Ela diz que para uns é uma pseudo-alegria,

Para outros é pura hipocrisia.

Eu me aproximo e estendo a mão.

Estou trêmulo, sinto calafrios...

Convence-la é meu maior desafio.

Ela me pergunta se tenho fé e esperança,

Se já aprendi a amar, se consigo perdoar.

Impõe-me que abra o coração e fale o que realmente sinto

Eu engulo a saliva, contenho as lágrimas...

E sinceramente minto... Minto? Minto!