Iluminando a noite

O fogo queima... Ele queima a madeira à minha frente... Uma pequenina fogueira feita às pressas... Aquele fogo me trouxe a luz, como os livros me trouxeram conhecimento, o poder de saber o que houve no passado, o poder de dizer o que pode acontecer no futuro e o que esta acontecendo no presente.

Por tal poder, fui condenado, temido. Mentes pequenas!

Fui condenado por crimes que não cometi, condenado por querer saber mais e mais. Criação de deuses? De forma alguma, são homens.

Grilhões pesados como a ignorância deles, meus sensíveis punhos estão doendo por causa do peso... Vento gelado... frio!

Luz... Luz, acerta meus olhos, homens em roupas ricas e armaduras reluzentes me levam, não me interessa para onde... Pilares de pedra... Agora pilares de mármore... Um rei... Um rei no trono, silencioso, irritado, velho, cego!

O que ele diz, não posso escutar, não quero, não me interessa!

Me arrastam... Estou frágil, sozinho. Um portão enorme é aberto diante de mim enquanto sou arrastado.

Estou em pé diante de uma multidão alucinada, guiados por um ódio tolo, porém compreensível, são todos ovelhas.

À minha esquerda um homem de vermelho lê algo em voz alta. O que ele esta dizendo? não quero escuta-lo, ou simplesmente não posso?

Um gesto... Um gesto com a mão e sou levado por entre as pessoas enfurecidas, me jogam coisas, enquanto sou arrastado. Por que temem à mim? O que lhes fiz? eles tem medo! Mas do que? Ignorantes, talvez!

Amarrado em um pedaço de madeira com palha à minha volta.

Um homem... Um homem de vermelho ascende a palha com uma tocha. Quente!

Eu queria escutar, as pessoas estavam gritando, podia ouvir cada uma de suas vozes, cada grito de delírio de selvageria.

Os reis deixam suas coroas e cetros, os heróis seus feitos, os ricos seus tesouros, mas aquele com uma grande alma, ascende solitário para a eternidade, de bom grado ele mergulha.

"Luz..." Gritei! "Luz... Mais luz."