NATAL NO HOSPÍCIO
Era fim de ano,férias,já havia uma alegre atmosfera de Natal no ar. A Banda de Música abrilhantava aos eventos nas instituições de caridade Fomos ao Sanatório para a Inauguração de uma quadra coberta na festa de natal aos internos,numa linda manhã de domingo num sol de dezembro. Ao chegarmos o diretor veio nos receber no ônibus e fez recomendações: Pediu que não chegássemos perto dos pacientes ou não falasse com eles. Pediu para ficarmos sempre juntos e se acaso um fosse ao banheiro,teria de estar sem o Instrumento musical e acompanhado por dois Seguranças. Reiterou para ninguém fumar pois um baixado poderia ficar bem agressivo. Relatou que já tiveram até um caso de estupro por causa de um fumante. Explicou que casos de surtos eram resolvidos com água fria ou Sedativos. Estavam todos perfilados:Médicos,Enfermeiros,Funcionários e os Internos. Reconheci meu ex vizinho,diagnosticado como esquizofrênico piromaníaco. O Salsichão postou a Banda em forma,então executamos o Hino Nacional. Os pacientes começaram a Gritar e dançar em grupos,duplas ou sozinhos. Após um breve discurso ignorado iniciamos as músicas Natalinas e outras. Um Xiru de bombachas tocava uma Gaita tentando acompanhar a música. Ele não discriminava tom e ritmo na velha gaita ponto de duas conversas. O Beato salu careca,com a Bíblia na mão ao alto,pragava o fim do mundo. Um baixado de Capacete Romano discursava numa mesa feito Julio Cesar. Tentei entender o que ele dizia mas era um idioma meio aramaico e Latim. Um maluco,com uma capa de chuva,andava de quatro pés feito cachorro. Levantava-se num pulo e abria a capa para expor a genitália às mulheres. Outro,fantasiado de Homem Aranha,pulava nas mesas e se quebrou todo. Uma mulher penteava o Cabelo com um negócio na mão feito um espelho. A velha desdentada gargalhava sem cessar e catava os piolhos da amiga. Duas obesas acariciavam-se e uma enfiava mil balinhas na boca da outra. A boca cheia levantou-se e soprou as balas no Nugget,entupindo a Tuba. Uma moça ao meu lado,em dialeto infantil disse-me:Eu sou a Guilhermina, trabalho na padaria.O senhor é o Soldado mais bonito de todos!Agradeci. A funcionária puxou-a pelos cabelos e falou:Não dê conversa,ela é doida. Alguns homens jogavam cartas numa mesa; era um tipo de jogo parecido com Mora e Truco.As vezes um comia uma carta ou jogava-as para cima. Houve um Intervalo e serviram Cachorros quente e Refrigerantes a todos. Precisamos nos abrigar pois sofremos o bombardeio de lanches e bebidas. Passou um furacão na quadra e ficou imunda com a guerra no manicômio. Fomos ao campo de futebol para assistir o Gre-Nal temático dos internos. O goleiro único era o gaiteiro,que tocava e dava as instruções em trovas. As mulheres corriam feito crianças.Foi a coisa mais estapafúrdia que já vi. Aceito comentários