Tempos difíceis e reclamações
Já no tempo da caverna, escutava-se reclamar
Falta fogo, não tem roda, poucas armas pra caçar
Grutas escuras, pés descalços, animais tão grandes pra se enfrentar Essa vida está difícil como vamos suportar
Para os índios a mesma coisa
Mesmo com fogo, arco e frecha, peixe fresco
Também tinham que falar
Na tenda é frio, só o chefe manda
Por sua filha tem que lutar
Tem brancos chegando pra pacificar
Com armas de fogo por ouro trocar
Destruir as arvores, construir as casas, essas tribos evangelizar
Acabou-se a inocência e a pureza, roupas meu corpo tem que usar
Está tudo difícil, mais com certeza mais difícil vai ficar
Na escravidão, comia o chicote, açoite nas costas, um corpo no chão Trabalho forçado, direitos de nada, sofria calado
Nem sonhos, nem liberdade, sem futuro livre para os filhos que virão
Os negros eram à maioria, faziam parte dessa exclusão
Depois de muito tempo foram declarados livres
Quebraram-se correntes, mas na mente estavam ainda na prisão
No preconceito, sendo julgados inferiores, pedindo a Deus uma salvação
Hoje não mudou, com o passar do tempo e das estações
Nascemos livres, com uma vida pra administrar
Mas quando aprendemos a falar, são mais reclamações soltas no ar
Se sou rico está ruim, se sou pobre vai piorar
Se não tenho nada, só me resta torcer pra melhorar
Se sou gordo está mal, se estou magro quero engordar
Meus cabelos lisos precisam de escova, o meu encaracolado quero alisar
Os meus olhos verdes não são bonitos, o meu castanho podia azular
Sou branco queria ficar moreno, e o negro quer clarear
Fui criança, quis ser adolescente, adulto quero me tornar
Estou velho bem que gostaria de ser
Novamente a criança que ficou pra trás. L.V.P