Passaporte transcendental
Um blues... aquele blues... toca no rádio a todo vapor. Não resisto e danço sozinho. Meu cachorro olha e não entende absolutamente nada. Penso por alguns segundos e decido tirar ele para dançar. Coloco-o sobre os meus braços e envolvo meu pescoço com suas patas dianteiras.
Animadamente giramos para todos os lados.
Paramos.
Descansamos.
Formamos uma dupla de bons dançarinos.
Eu sigo empolgado, mas suspeito que ele não esteja gostando. Paciência. Para ficar fera na arte da dança, só à base de muito treinamento.
Ponho o cocker no chão e ele se esconde embaixo da estante da sala.
A vida segue feliz. O blues, na companhia de boas doses de rum, alegra até a alma mais penada.
A canção acaba e a estação começa a tocar jazz. Desta vez, a música que ressoa está pra lá de deprê. Não aguento e desligo o rádio. Vou para o banho, deixo a água escorrer pelo corpo e massageio sutilmente meu membro reprodutor. Afrouxo os músculos das pernas e chego ao nirvana. Paz.
Definitivamente: é na ejaculação que encontro o passaporte para transcendência espiritual.
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