Quem sabe haverá uma próxima vez
Larrana estava sumida há alguns meses. Tivemos uma discussão severa e decidimos que cada um deveria seguir o seu caminho.
Certa noite, enquanto eu jogava Xbox sozinho e bebia uma xícara de cappuccino, meu telefone tocou:
— Abra a porta, estou na frente do teu edifício — pontificou a voz.
— Quem é? — perguntei.
— Uma de suas piranhas — respondeu a garota desligando o telefone.
Olhei no celular e não identifiquei o número. O interfone ressoou e liberei a entrada da dita cuja. Estava frio. Coloquei um roupão, olhei através do olho mágico e vi que era Larrana. Abri a porta e ela me beijou subitamente. Não consegui proferir qualquer palavra. Sua língua se multiplicou na minha boca, desbravando todo o meu palato. Fui arrastado para trás e jogado sobre o sofá. Larrana abriu seu sobretudo e apresentou-se apenas de lingerie e botas. Uma lingerie vermelha com lacinhos e topinhos. Já as botas, eram country e brancas.
Ela sabia da minha tara por botas, então não me aguentei e copulamos ali mesmo. Dormimos abraçados sem cobrar nada um do outro. Não a questionei por onde andou e nem ela perguntou o que eu tinha feito durante esse tempo em que ficamos separados.
Acordamos com o sol da manhã entrando pela janela da sala.
— Vou embora — ela disse.
— Não quer café? — perguntei.
— Não, eu vou embora pra sempre. — Larrana se levantou e começou a se vestir enquanto falava: — Conheci um cara bacana e rico. É espanhol da Galícia. Pagou minha passagem e tudo. Estou indo amanhã à tarde para Europa.
Soergui-me e esfreguei os olhos.
— Sentirei saudade — comentei meio atônito.
Ela telefonou para um táxi e me deu um beijo. Caminhou até a porta e finalizou:
— Poderíamos ter dado certo.
Observei-a entrando no elevador. Chaveei a porta, andei até a cozinha e preparei um café forte.
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