das coisas
cônscio estou
da labuta
que nasce nos músculos
e que das mãos
se transmite à caneta
o campo estava negro e josé em baixo daquele céu não demonstrava medo de nada, era assustador vê-lo com aquela calma. Aproximei-me dele e perguntei:
- acha que vai acontecer de novo?
Não respondeu nada. Josè era assim. e não adiantava insistir. Então voltei a um das pessoas que mais frequentava aquelas cenas todas as noites e perguntei se havia algo que josè não soubesse. e esse homem, na verdade um rapaz de olhos muito vivos, de corpo frazino, respondeu com se eu tivesse feito uma pergunta sem sentido.
- Não blasfeme diante de Josè.
Não soube mais o que dizer, apenas me juntei aquela fila e me pus a olhar josé, de braços abertos ele abraçava a noite. as pessoas nem uma pareciam cansados daquilo. eu não me aguentava mais de tédio. Não suportava mais aquela situação. Foi então que me afastei da turma e cruzei o braço, numa espécie de afronta. eu cruzei os braços quando fiz isso. E José mandou que todos me olhassem. E receber todas aquelas perspectivas me deixou atordoado. e foi assim que descruzei os braços e me pus a olhar josé. olhar como os outros, trabalhando forçosamente para que meus músculos não demonstrasse insatisfação. no fim da cerimônia, José pôs de volta as roupas no baú, deu um pequeno aceno e nos deixou. naquela noite o ritual foi muito mais rápido.
- viu o que você fez?
- eu não fiz nada! respondi cheio de convicção.
-amanhã você não vai participar.
fui pra casa pensando em como josé consegue a atenção de todo mundo abrindo os braços e não fazedo nada. na entrada da minha rua encontrei Antonio. comentei com ele. respondeu com raiva, como se quisesse me bater.
- não questione Josè. Pode se dar muito mal.
- só estamos conversando.
- não. você está questionando nosso lider.
- lider?
- sim, nosso lider.
deixei-o na chegada da minha casa. ele prosseguiu. na minha cama, deitado eu começa a saber das coisas...