O diário de Jane- Parte 5
12 de Janeiro de 2011
-Quem é você?
-Meu nome, a senhorita quer saber meu nome?
O seu tom era irônico, engraçado, como um Loki trajado de terno.
-Fale logo, estou perdendo meu tempo aqui na porta.
-Meu nome é Ninguém, mas se perguntares meu nome por aí, muitos dirão “Roberto”, “Ricardo”, Tony”, etc. Por que tantos nomes? Porque ninguém sabe que eu sou Ninguém.
Sua voz começou a irritar. Ele estava tirando sarro comigo em pleno luto. Mas algo era estranho nele. Suas vestes eram antiquadas para nossa época, mas aquilo parecia comum para ele.
- Saia daqui agora.
Coloco um tom ameaçador em minha voz.
-Nossa, a dama ficou irritada? Desculpe-me, não era essa minha intenção. Vim de um lugar distante para falar com você. Um mundo oposto, que vive em conflito com o seu.
-Do que está falando?
-Estou falando de realidade. O que é realidade para você, garota?
Minha mente começava a ficar confusa.
-Eu não sei do que está falando.
-Mas saberá em breve, minha cara. Você participou de algo que alterou tudo. Espere que entenda que há muito a se ver nos olhos da serpente.
Minha mente começou a borbulhar inúmeros pensamentos. Ela estava prestes a explodir e fui tomada pela fúria.
-SAIA DA MINHA CASA AGORAAA!
Todos olharam para mim. A rua e seus olhos estranhos prontos para a fofoca. Minha mãe notando minha raiva em conjunto com a tristeza. O homem mal se mexeu, mas meu vizinho o notou.
-Alguma coisa acontecendo, Chloe?
-Responda Chloe, tem algo acontecendo?- Ninguém e sua ironia.
Eu caio na porta, sentada e olhando para o chão, desorientada. Meu vizinho, Rob, chega rapidamente próximo de mim, tentando me levantar.
-Acho que meu trabalho não será concluído hoje, senhorita. Tenho que ir.
-Aonde você vai? Vou chamar a policia, você a agrediu moralmente.
- Eu não disse nada, senhor.
Ninguém olha para Chloe e faz cara de pena.
-Você ainda que saber meu nome garota?
Chloe levanta sua cabeça e olha diretamente nos olhos de Ninguém.
-Seu nome é Ninguém.
Ninguém solta um sorriso de lado e desaparece no ar, como se fosse parte do vento.
Minha mãe vai ao meu socorro, sem entender o que havia acontecido.