* _ Não adianta, querido Alfredo! Respeito demais sua nobre fé, porém você não pode me convencer. Não adianta insistir.
_ Não quero te convencer, Roberto. Quero apenas te ajudar a aproveitar a presença de Deus a qual só vai somar na sua vida.
_ Aplaudo a sua amizade, mas Deus nada pode fazer por mim.
_ Sua teimosia não impedirá que eu deseje uma ótima viagem, amigo.
_ Muito grato, Alfredo! Até a volta, amigo!
O diálogo foi interrompido, pois chegara o momento do barco partir.
Roberto, estimulado pelo dever do trabalho, precisava muito realizar a travessia que o levaria até a ilha onde um compromisso o aguardava.
Um casal de amigos, que estava passeando, externou a oferta generosa da carona providencial.
André, o dono do barco, imaginava que a travessia não demoraria mais do que quarenta minutos, no entanto o céu nublado anunciava uma forte chuva. Talvez esse fato causasse um pequeno atraso.
A chuva caiu bastante, exagerou demais na intensidade. André precisou reduzir a velocidade do barco, levando Roberto a concluir que um grande atraso seria inevitável.
Além de André e a esposa, Roberto contava com a companhia de uma dedicada assistente, Judite, uma senhora muito simpática. Brincando sossegado no quartinho de Judite, o filho Vítor, uma alegre criança, não ligava para chuvas ou atrasos.
A situação complicou totalmente.
Cerca de vinte minutos depois o motor do barco começou a pifar. André estranhou, pois mandara fazer uma revisão rigorosa no dia anterior.
A melhor solução foi parar a embarcação e solicitar o serviço de resgate, no entanto, o avançar da noite e a tempestade já formada dificultariam o auxílio imediato.
André, explicando que eles teriam de dormir no barco, organizou os aposentos para que todos descansassem.
* Durante a madrugada, Roberto acordou sobressaltado.
O barco estava virando, os ventos impiedosos não queriam descansar nem revelavam qualquer interesse de esperar o amanhecer.
Ouvindo gritos ele saiu quando encontrou André.
Entregando um colete salva-vidas a Roberto, ele falou:
_ Roberto, vou confiar Judite e seu filho a você. Vamos usar os dois botes e sair daqui o mais rápido possível. O barco está tombando.
Os dois homens ajudaram Judite e Vítor a descerem até o primeiro bote, depois colocaram a esposa de André no outro bote.
A visão nada facilitava, porém era preciso agir com presteza.
Quinze minutos após, divididos em seus respectivos botes, o barco já estava afundando.
Uma onda gigantesca surgiu querendo sugar tudo ao redor.
Os botes ameaçavam virar.
Roberto não conseguia mais visualizar o outro bote.
O rapaz começou a provar o desespero crescente.
Judite ofegante apertava o filho no peito como se segurasse um tesouro precioso demais.
“Como impedir a tragédia?”
Roberto percebeu que o bote logo viraria.
As ondas enormes cada vez mais impediam o equilíbrio.
A fúria do mar parecia incontrolável.
Preocupado com a sorte da mãe, Roberto aflito indagou:
_ Dona Judite, a senhora acredita em Deus?
_ Claro, moço! Por que o senhor pergunta?
_ Eu nunca acreditei. Um amigo meu tentou a vida toda me convencer, porém não obteve sucesso. E agora? Será que o Deus que vocês tanto acreditam pode nos ajudar?
_ Claro que pode. Tente conversar com Ele agora, moço! Apenas...
Nesse exato instante o bote, não resistindo a uma onda mais forte, virou, eles foram lançados para o mar revolto.
Roberto, lutando para enxergar algo e tentando não se afogar, percebeu Judite desmaiada boiando. Ele nadou firme, e, através de muito esforço, conseguiu se aproximar dela.
A tempestade, as ondas, a escuridão e o corpo esgotado tornavam todas as ações heróicas.
“A criança? Onde estaria Vítor?”
Fernando começou a chorar.
Ter Judite desmaiada, indefesa, a criança não estar ali e a iminente morte geravam um pavor indescritível.
“Tente conversar com Ele agora, moço!”
Lutando para não deixar a amorosa mãe escapar das suas mãos, arrastado por correntes violentas e persistentes, a frase de Judite, as diversas conversas com Alfredo debatendo se Deus existe ou não, a convicção da incredulidade a qual o seduziu desde o período infantil atormentavam a mente do pobre Roberto.
As lágrimas não paravam, ele precisava desabafar:
_ Deus! Deus! Eu nunca acreditei em você, mas, caso eu esteja enganado, nesse instante de dor, eu peço para salvar a gente! Salva o menino, o filho dessa mulher desacordada! Não adianta salvá-la e deixar o garoto sucumbir. Alfredo sempre me disse que você pode realizar milagres. Faz o milagre agora! Traz a criança de volta, salva essa senhora! Eu não me importo de morrer...
Os gritos cessaram, uma onda gigantesca cobriu o rapaz e Judite.
* Cinco horas depois, prevalecendo o novo dia, Roberto despertou e percebeu a presença de Alfredo na cabeceira de sua cama.
_ O susto foi grande, amigo! Agora tudo passou.
_ O que aconteceu? Como eu escapei?
_ Deus te socorreu, amigo!
Roberto disse inquieto:
_ Eu falei com Ele, Alfredo! Eu falei! Eu reclamei, eu briguei, eu pedi para salvar Judite e o filho. Ah! Judite? O filho? Onde eles estão? Eles escaparam?
_ Calma! Não expresse tamanha agonia, teimoso amigo!
_ Eles escaparam?
_ Fico feliz sabendo que você conversou com Deus, seja de que forma tenha sido. Sim! Todos estão bem em outros quartos do hospital.
_ Todos? Como pode?
_ Após André entrar em contato com a equipe de resgate, eles enviaram uma lancha imediatamente. Apesar da visão complicada e da chuva castigando, o casal foi localizado perto do barco que afundou. Vinte minutos depois você e Judite foram encontrados desmaiados boiando, porém felizmente vivos.
_ E a criança?
_ Ele foi o último a ser resgatado, mas foi quem menos sofreu. O grupo da lancha o avistou em cima de um sofá acenando firme e o resgatou dando risada. Como você percebe, Roberto, Deus ouviu a sua prece. Ele provavelmente estranhou a novidade de te escutar, mas não deixou de atendê-lo, amigo.
Roberto soluçando falou:
_ Num sofá? Isso é possível?
_ Deus quis que vocês escapassem, os detalhes são fáceis quando Ele quer. Maravilhas pratica, pois o Pai é maravilhoso.
_ Me perdoa, Alfredo!
_ Perdoar o quê?
_ Por duvidar da existência de Deus, por ser tão estúpido durante tantos anos...
Nesse instante Roberto se sentou e abraçou Alfredo.
O jovem chorava um choro de alívio e renovação.
Sua falta de fé desapareceu.
Não só o rapaz escapou da morte de maneira milagrosa, ele superou o abismo da cegueira espiritual que o afastava de Deus.
Alfredo chorava emocionado. O dedicado amigo de Roberto sentia uma imensa vontade de agradecer a restauração perfeita do rapaz incrédulo o qual, conhecendo os limites da morte, deletou a falta de fé.
A partir daquele dia, os dois desenvolveriam novas conversas.
Nada de debates ou polêmicas!
A fé agora seria o estímulo comum dos diálogos edificantes.
Conforme Alfredo afirmou, Deus ouviu a prece de Roberto.
O milagre, tão necessário, aconteceu.
Um abraço!
_ Não quero te convencer, Roberto. Quero apenas te ajudar a aproveitar a presença de Deus a qual só vai somar na sua vida.
_ Aplaudo a sua amizade, mas Deus nada pode fazer por mim.
_ Sua teimosia não impedirá que eu deseje uma ótima viagem, amigo.
_ Muito grato, Alfredo! Até a volta, amigo!
O diálogo foi interrompido, pois chegara o momento do barco partir.
Roberto, estimulado pelo dever do trabalho, precisava muito realizar a travessia que o levaria até a ilha onde um compromisso o aguardava.
Um casal de amigos, que estava passeando, externou a oferta generosa da carona providencial.
André, o dono do barco, imaginava que a travessia não demoraria mais do que quarenta minutos, no entanto o céu nublado anunciava uma forte chuva. Talvez esse fato causasse um pequeno atraso.
A chuva caiu bastante, exagerou demais na intensidade. André precisou reduzir a velocidade do barco, levando Roberto a concluir que um grande atraso seria inevitável.
Além de André e a esposa, Roberto contava com a companhia de uma dedicada assistente, Judite, uma senhora muito simpática. Brincando sossegado no quartinho de Judite, o filho Vítor, uma alegre criança, não ligava para chuvas ou atrasos.
A situação complicou totalmente.
Cerca de vinte minutos depois o motor do barco começou a pifar. André estranhou, pois mandara fazer uma revisão rigorosa no dia anterior.
A melhor solução foi parar a embarcação e solicitar o serviço de resgate, no entanto, o avançar da noite e a tempestade já formada dificultariam o auxílio imediato.
André, explicando que eles teriam de dormir no barco, organizou os aposentos para que todos descansassem.
* Durante a madrugada, Roberto acordou sobressaltado.
O barco estava virando, os ventos impiedosos não queriam descansar nem revelavam qualquer interesse de esperar o amanhecer.
Ouvindo gritos ele saiu quando encontrou André.
Entregando um colete salva-vidas a Roberto, ele falou:
_ Roberto, vou confiar Judite e seu filho a você. Vamos usar os dois botes e sair daqui o mais rápido possível. O barco está tombando.
Os dois homens ajudaram Judite e Vítor a descerem até o primeiro bote, depois colocaram a esposa de André no outro bote.
A visão nada facilitava, porém era preciso agir com presteza.
Quinze minutos após, divididos em seus respectivos botes, o barco já estava afundando.
Uma onda gigantesca surgiu querendo sugar tudo ao redor.
Os botes ameaçavam virar.
Roberto não conseguia mais visualizar o outro bote.
O rapaz começou a provar o desespero crescente.
Judite ofegante apertava o filho no peito como se segurasse um tesouro precioso demais.
“Como impedir a tragédia?”
Roberto percebeu que o bote logo viraria.
As ondas enormes cada vez mais impediam o equilíbrio.
A fúria do mar parecia incontrolável.
Preocupado com a sorte da mãe, Roberto aflito indagou:
_ Dona Judite, a senhora acredita em Deus?
_ Claro, moço! Por que o senhor pergunta?
_ Eu nunca acreditei. Um amigo meu tentou a vida toda me convencer, porém não obteve sucesso. E agora? Será que o Deus que vocês tanto acreditam pode nos ajudar?
_ Claro que pode. Tente conversar com Ele agora, moço! Apenas...
Nesse exato instante o bote, não resistindo a uma onda mais forte, virou, eles foram lançados para o mar revolto.
Roberto, lutando para enxergar algo e tentando não se afogar, percebeu Judite desmaiada boiando. Ele nadou firme, e, através de muito esforço, conseguiu se aproximar dela.
A tempestade, as ondas, a escuridão e o corpo esgotado tornavam todas as ações heróicas.
“A criança? Onde estaria Vítor?”
Fernando começou a chorar.
Ter Judite desmaiada, indefesa, a criança não estar ali e a iminente morte geravam um pavor indescritível.
“Tente conversar com Ele agora, moço!”
Lutando para não deixar a amorosa mãe escapar das suas mãos, arrastado por correntes violentas e persistentes, a frase de Judite, as diversas conversas com Alfredo debatendo se Deus existe ou não, a convicção da incredulidade a qual o seduziu desde o período infantil atormentavam a mente do pobre Roberto.
As lágrimas não paravam, ele precisava desabafar:
_ Deus! Deus! Eu nunca acreditei em você, mas, caso eu esteja enganado, nesse instante de dor, eu peço para salvar a gente! Salva o menino, o filho dessa mulher desacordada! Não adianta salvá-la e deixar o garoto sucumbir. Alfredo sempre me disse que você pode realizar milagres. Faz o milagre agora! Traz a criança de volta, salva essa senhora! Eu não me importo de morrer...
Os gritos cessaram, uma onda gigantesca cobriu o rapaz e Judite.
* Cinco horas depois, prevalecendo o novo dia, Roberto despertou e percebeu a presença de Alfredo na cabeceira de sua cama.
_ O susto foi grande, amigo! Agora tudo passou.
_ O que aconteceu? Como eu escapei?
_ Deus te socorreu, amigo!
Roberto disse inquieto:
_ Eu falei com Ele, Alfredo! Eu falei! Eu reclamei, eu briguei, eu pedi para salvar Judite e o filho. Ah! Judite? O filho? Onde eles estão? Eles escaparam?
_ Calma! Não expresse tamanha agonia, teimoso amigo!
_ Eles escaparam?
_ Fico feliz sabendo que você conversou com Deus, seja de que forma tenha sido. Sim! Todos estão bem em outros quartos do hospital.
_ Todos? Como pode?
_ Após André entrar em contato com a equipe de resgate, eles enviaram uma lancha imediatamente. Apesar da visão complicada e da chuva castigando, o casal foi localizado perto do barco que afundou. Vinte minutos depois você e Judite foram encontrados desmaiados boiando, porém felizmente vivos.
_ E a criança?
_ Ele foi o último a ser resgatado, mas foi quem menos sofreu. O grupo da lancha o avistou em cima de um sofá acenando firme e o resgatou dando risada. Como você percebe, Roberto, Deus ouviu a sua prece. Ele provavelmente estranhou a novidade de te escutar, mas não deixou de atendê-lo, amigo.
Roberto soluçando falou:
_ Num sofá? Isso é possível?
_ Deus quis que vocês escapassem, os detalhes são fáceis quando Ele quer. Maravilhas pratica, pois o Pai é maravilhoso.
_ Me perdoa, Alfredo!
_ Perdoar o quê?
_ Por duvidar da existência de Deus, por ser tão estúpido durante tantos anos...
Nesse instante Roberto se sentou e abraçou Alfredo.
O jovem chorava um choro de alívio e renovação.
Sua falta de fé desapareceu.
Não só o rapaz escapou da morte de maneira milagrosa, ele superou o abismo da cegueira espiritual que o afastava de Deus.
Alfredo chorava emocionado. O dedicado amigo de Roberto sentia uma imensa vontade de agradecer a restauração perfeita do rapaz incrédulo o qual, conhecendo os limites da morte, deletou a falta de fé.
A partir daquele dia, os dois desenvolveriam novas conversas.
Nada de debates ou polêmicas!
A fé agora seria o estímulo comum dos diálogos edificantes.
Conforme Alfredo afirmou, Deus ouviu a prece de Roberto.
O milagre, tão necessário, aconteceu.
Um abraço!