curioso
Ele a observava de longe. Ela sentava meio de lado e mantinha um livro nas mãos. Não podia sentir seu perfume nem ver bem seu rosto. Resolveu se aproximar.
Ela mantinha os olhos baixos, mas não lia com seus olhos de vidro. Brilhavam com uma melancolia perdida dentro dela que ele quase apagou. Ela tinha um rosto de menina. Suas mãos a diziam mulher. Impossível definir sua idade. Ele ainda não sentia seu perfume e não dava pra ver que livro tinha nas mãos.
Era um livro de contos que tinha nas mãos. Ela espera. Ele espera mais ainda, ansioso.
Ela se voltou pra ele e perguntou as horas.
-dez pras cinco.
-obrigada.
A voz era leve. Doce. Mas ainda não sentia seu perfume e nem sabia seu nome.
-Esperas alguém?
Ela sorriu e virou-se para lhe falar.
...
Agora, ele sente seu perfume e conhece todas as suas fragrâncias, e todas as suas ânsias.