SUBURBIO
Já era noitinha quando Sérgio chegou a passagem Mirandinha e viu as luzes da ambulância desassossegar a vizinhança.Pessoas aglomeradas falando, rindo, cochichando e uma senhora reclamando como um desabafo.
Ao identificar dona Dora, mesmo cansado. Sob efeito de solidariedade foi ter com a dona Dora para saber do ocorrido. E ela lhe relatou, em desabafo, que a sua neta, Maria Cristina, ao invês de ir a escola, como toda boa moça. Estava andando com homem casado e que emprenhara indevidamente.
Como consequência de ter dado com "os Burros n' água", dizia dona Dora a menina menor de idade acabará por seguir os conselhos de suas colegas para paraticar o aborto. Um pecado mortal - esbravejava dona Dora. E continuava:
- Essa menina não tem juizo, não me ouve e não ouve ninguém, por isso é que ela foi parar na ambulância.
E desatando a chorar, gesticulava a cabeça negativamente, como não entender a reação da menina frente a sua criação.
Sérgio, mais do que experiente, procurou acalmar a senhora e se dirigiu ao Pronto Socorro com a finalidade de acompanhar a menina.
Lá se identificou e tomando pé da situação, apesar da proibição, mas com o seu jeito de falar e seu conhecimento consegui liberação para ir até a enfermaria da moça levando algumas roupas, frutas e um livro.
Observou que a moça estava sendo bem tratada e falando como o médico de plantão, ficou sabendo que pela manhã ela, após alguns exames, provavelmente iria fazer uma curetagem e que depois seria liberada.
Maria Cristina confessara ao rapaz que o médico a esculhambou e que as enfermeiras não pouparam sermão e havia-na deixado numa sala onde as mulheres ficavam para ter filho. Local de onde ela foi retirada as pressas, pois começou a chorar copiosamente ante ao sofrimento de uma mulher para ser mãe.
Arrependida pediu ao senhor Sérgio que ele falasse a sua avó. Sérgio olhou-a e disse a ela para ela refletir a sua vida para que não viesse a cair outra vez.O que ela estava fazendo além de ser pecado, pela lei é considerado um crime.Mas crime maior é não compreender que quando se é jovem, muitos se sacrificam por um futuro melhor, enquanto outros procuram viver irresponsavelmente colocando várias pessoas em agonia e só se dão conta dos seus erros, quando envelhecem. Ai sem forças, só o que podem fazer é lamentar, pois sem estrutura, as vezes, vão emcabeçar a fila da dor, nesse Estado que não se permite estrutura, por causa da corrupção, para orientar melhor os seus filhos.
Dito isso, a menina ficou calada e o rapaz, já na madrugada seguiu para casa de dona Dora, que muito lhe agradeceu.