Contos de fábulas
Era uma tarde especial, noite, madrugada, manhã... Ela lhe escreveu. Em seu coração, queria dizer o escrito. Mas o vocabulário: parco, pardo, amargo, introspectivo e cheio de lembranças de ordens de não fazeres e não poderes... Era muita coisa, na era de uma tarde, noite, madrugada, manhã... especial. (Produção, decida-se. Ou é manhã, tarde, noite, madrugada...)
_ Sim...Era uma tarde... E escrever era tornar a tarde melhor. A mais especial. Tudo o que nunca disse. Nunca fez. Nunca pôde (com acento ortográfico!) fazer... E era agora uma tarde que se fez: escreveu-se. E era agora a leitura: a pessoa leu. E é uma coisa tão sem palavras quando alguém que é para ler, lê realmente o que era pra ler, que chega a... sim... Surreal. É... a pessoa leu. E a pulsação zerou. E a vida foi linda. E a vida é linda. E a vida será linda. Porque você leu. Simplesmente. Inacreditável!! VOCÊ LEU!! E a história termina aqui, porque a pessoa leu. Momento perfeito! E foram felizes... um escrevendo e o outro lendo... E entendendo-se até que a eternidade os...
_ O que você quis dizer com isso? – perguntou-lhe a pessoa que era pra ler; e leu. (Não, isso está fora do script. Alô, produção! Produção? Tem alguém aí??? )
_ Bom, eu quis dizer que... bem... assim, não sei se você vai entender, ou gostar... ou querer... mas eu pensei que... só que em vez de dizer o que pensei, escrevi, e então, assim...
_ Ok. Obrigado. Vou guardar. Beijos.
(E ela nunca mais escreveu. Também não diz. Mas sorri e olha. E vive muda em seu castelo... para sempre, na areia...)
(Adriana Luz – 30 de janeiro de 2014)
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