Pedido de Casamento - a última tentativa
No balcão do caixa do banco, a mulher pede ao correntista.
_ Pode digitar a senha, por favor.
_ Não sei a senha.
_ Como assim não sabe?
_ Não sei.
_ O senhor por acaso não se esqueceu.
_ Eu não sei mesmo.
_ Então esse cartão não é seu.
_ É sim, ele é meu, mas há muitas coisas que não se sabe, por exemplo, a explicação de um amor a primeira vista.
_ Ah por favor não comece.
_ Não começamos nada ainda.
_ Nós vírgula, estou falando de você. Deixa eu chamar o próxmo, por favor.
_ Qual a sua data de aniversário?
_ 24 de janeiro de 1990.
_ 240190 - digitou o homem no aparelho e a senha foi confirmada.
_ Deu certo. Como assim?
_ Agora estou me lembrando. Eu e você somos casados sim. Tive crise de amnésia ou alguém me fez ter essa crise.
_ Não sei do que o senhor está falando, próximo por favor.
_ Como explica a senha ter dado certo?
_ É inexplicável assim como o amor a primeira vista.
_ Tudo bem, vamos ficar com essa dúvida o resto da vida. Agora deixa eu ir.
A bancária saiu do seu posto e foi atrás do homem.
_ Espere, quem é você?
_ Pelo visto é você quem não sabe. Percebe, que não é tão óbvio assim como não saber a senha do banco.
_ O que você quer comigo?
_ Quero casamento.
_ Por que meu aniversário é a sua senha?
_ Da primeira vez que me atendeu, você pediu pra eu criar uma senha e não tinha ideia então perguntei o seu aniversário e você me respondeu.
_ Eu não acredito.
_ Ajuda-me, ontem fracassei numa loja e numa cafeteria. Não é possível que não dê certo agora. Se não der certo agora, a pessoa que escreve essa história não vai sossegar enquanto eu não casar.
_ Avisa pra ele não vai dar certo e que é melhor ele parar.
_ Entendi, prometo que agora paro.
Os dois se olharam e tiveram a sensação de que tinham ouvido algo. Ele se despediu.
_ Foi um prazer fazer parte desse conto com você.
_ O mesmo, agora deixa eu trabalhar, se é que eu existo mesmo, vai saber se não faço parte da imaginação de alguém. Até que não seria má ideia, quem sabe eu seja gerente desse banco na próxima história.
_ Vou pensar no seu caso.
_ Você ouviu isso? - perguntou ela.
_ O quê?
_ Deixa, tchau. Até uma próxima.
O homem sorriu com a possbilidade de um reencontro. Ah, esses homens! Até na ficção eles se iludem.
24/01/2014