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ZÉ SORRISO

De bem com a vida e com o mundo. Nunca foi sócio da tristeza, por isso ganhou o apelido Zé Sorriso. Família pobre do sertão de Alagoas. Mesmo assim desde menino o sorriso vem à frente sobre qualquer atitude que viesse a tomar. Olhar terno, atitudes humildes. Jamais brigou em sua vida, mesmo quando provocado por outros meninos. O mesmo sucedendo-se em sua fase adulta.

Embrenhar-se pela mata para ouvir o canto dos pássaros, era rotina. Toda manhã sentava-se na pedra que tinha o formato de uma pessoa corcunda. Jamais caçou ou pescou. O respeito à natureza total. Nunca apanhou rosas para seu grande amor Geraldina (amor de infância), dizia que a flor tinha vida, e que arrancando a flor do pé, faria o sorriso da amada brilhar, mas flor em seguida morreria.

Dona Geraldina sempre amou Zé do Sorriso. Casaram-se jovens. Jamais brigaram. Nem por coisas corriqueiras entre casais. Orgulham-se dos quatro filhos, seis netos e agora a linda bisneta.

Há algumas décadas transferiram-se para São Paulo, para trabalhar e ganhar algum dinheiro e poder sustentar dignamente a família. Sempre teve vontade de voltar para Alagoas, sem condições, afinal de contas uma viagem dessas custaria o olho da cara., e os parentes com o tempo foram se espalhando por esse mundão de meu Deus.

Vez por outra o casal lembrava os tempos de mocidade e dançavam em algum forró na zona leste de São Paulo, onde o reduto nordestino é imenso. Assim a vida foi passando, tranqüila e vagarosamente.

Quando acorda percebe que já está na melhor idade. Envelheceu. O corpo não tem a mesma mobilidade, apesar de seu sorriso ainda ser o mesmo. Não paga mais condução, paga meia entrada nos cinemas, entra em algumas salas de teatro. Aposentou-se, mas continua trabalhando. Aliás, como boa parte da melhor idade. Um pouco mais devagar, mas ainda trabalha.

Às vezes viaja de pé no trem, pois ainda não são todas as pessoas que têm consciência e oferece o lugar, nem mesmo nos bancos preferenciais. Zé sorri apenas sorri.

Uma bela noite entra no trem, cansado pela jornada de trabalho, e pelos anos vividos. Pela primeira vez, pede lugar ao jovem cidadão que se sentou em um dos bancos preferenciais e pede por gentileza que este ceda aquele lugar, que por lei lhe dá esse direito. O cidadão finge não entender.

Alguém toma as dores. Ouve-se discussão, até que o cidadão mesmo revoltado levanta-se do banco e cede o lugar para Zé, que em sua simplicidade ainda agradece. Na próxima estação, sobe outro rapaz que por coincidência seria amigo do cidadão que cedeu bronqueado seu lugar. Este conversa, e em determinado momento aponta Zé. Nosso amigo escuta levanta-se e oferece o lugar ao cidadão.

Em estado de fúria o homem saca um revólver e dá um tiro em Zé. As pessoas no vagão emudecem. Artur o que você fez? Matou o senhor pra quê? Por nada? Zé caiu ao chão e agonizando balbucia... Artur não havia necessidade disso ao ponto de você tirar minha vida, mesmo assim eu te perdôo. Zé tombou a cabeça e faleceu deixando todos atônitos.

Acordou em outro trem. Não havia sangue, e nem sinal de seu atirador. Pensou estou viajando no trem do além, no céu. Ainda bem que meu atirador não está por aqui. Próxima estação Mooca, complementa a voz. Zé deu o sorriso mais gostoso que podia as pessoas ao redor não entenderam nada. Havia sonhado, tinha tido um pesadelo.

Nessa estação entram dois rapazes, um deles Zé reconheceu era Artur. Não teve dúvidas, levantou-se e cedeu seu lugar ao rapaz, que intrigado e sorrindo gentilmente agradeceu. Zé insistiu, por favor, Artur, sente-se, faço questão. Zé levantou e se dirigiu para o meio do vagão, quando a voz anuncia. Estação Braz. Não teve dúvidas, desceu ali para fazer baldeação para o metrô. O rapaz intrigado perguntou ao outro. Não conheço esse senhor, mas como ele sabe meu nome?...

BILLY BRASIL-05-01-2014 – 19-10 HS – DOMINGO-CARAPICUIBA-SP


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Nota: Não sou especialista em contos. Mas esse conto na verdade é especial pelo fato de ser o Milésimo (1000) texto meu no recanto das letras. Agradeço aos amigos que me incentivam lendo os textos e que tecem comentários, pois é através desses que sei como vai a popularidade, erros, acertos, dou risadas, sinto ser importante assim como todos são importantes para minha pessoa. Agradeço todos os amigos que fizeram dueto poético, pois dividiram em parceria suas idéias. Tomara que breve consiga dobrar os textos, e consiga manter todos os amigos que de alguma forma me fazem feliz. Compartilho esse conto, com o sorriso da paz, o olhar do dever cumprido, pois sempre com humildade, chegamos onde queremos, obrigado à você querido(a) amigo(a), somos vencedores. Billy Brasil