Nostalgias de uma vida passada Capitulo 3
CAPITULO 3
Às 4h00, toda a casa se encontrava em um profundo silêncio, sem
nenhum movimento ou voz de qualquer pessoa. Por volta das 4h10min
ouve-se um barulho de porta se abrindo que vem do qu arto de Susan,
mãe de Jimmy. No meio da escuridão via-se a imagem de uma mulher
descabelada, loira, 1,63 de altura, saindo do quarto para a cozinha.
Aparentemente seus remédios para dormir não fizeram muito efeito pois
tomara somente um comprimido ao invés de dois de costume, então
resolveu ir até a cozinha para beber o resto da sua garrafa
de vodca barata, esperando ficar alcoolizada para poder voltar a dormir
quem sabe até umas 15h40min.
Susan chegou a cozinha e estranhou o silêncio que tomava conta de
toda a casa e por um momento achou estranho o fato de não ouvir nada,
mas logo após refletiu um pouco e chegou à conclusão , em um dos seus
raros momentos de sobriedade entre bebidas e remédios para dormir, que
seria normal não ter alguém acordado às 4h12min.
Pegou sua garrafa de vodca, despejou um pouco no copo e bebeu em um
gole só como se fosse água e depois despejou mais até a metade do copo,
sentou-se em um banco e, segurando o copo em uma das mãos, pôs a
garrafa em cima da bancada.
Após uma hora sentada no escuro bebendo sua vodca lentamente, quas e
caindo do banco de tão bêbada, pensou em se levantar e deitar na cama
para tentar dormir mais, foi quando o seu marido abriu a porta de casa e
entrou de fininho evitando fazer barulhos.
Ao perceber sua entrada silenciosa Susan perguntou a Félix:
- Seu merda, onde você estava até agora? Vai me dizer que era outra
reunião na casa do seu chefe?
- Não Amor, eu fiquei ali no meu...
- No seu o que? No seu escritório? Estava com qual delas agora? A
secretaria? A supervisora? Quem era dessa vez?
-Amor, você sabe que tudo isso que você está falando é mentira pois eu
nunca te trai amor.
-Não vem com essa de amor, você não vale nada, nunca deveria ter me
casado com você!
- Amor, não fica gritando, vai acordar as crianças.
- Crianças… está tanto tempo fora dessa cas a que nem sabe que
eles deixaram de ser crianças há pelo menos uns sete anos!
- Do que você está falando? Estou sempre aqui! - Félix faz uma cara de
que não entende a afirmação de sua mulher. A única coisa que ele quer é
ir para cama dormir, pois estava exausto.
- Você está sim, "queridinho". - com um tom de deboche - Eu não digo
de corpo Félix, eu digo de alma, de vida e espirito. Quer saber ? Eu nem
vou mais discutir com você, vou ver se nossos filhos estão bem já que
nessa casa não se tem sossego. - Ok amor. - diz Félix com uma cara de culpa - Eu estarei te esperando
na cama.
Primeiramente Susan vai ao quarto de Brian. A provável garota que
esteve lá já havia saído no mínimo há umas duas ou três horas. Sendo
assim, para Susan, aquela seria uma típica bagunça feita por Brian.
Ao se aproximar do quarto de Jimmy ela tem um péssimo pressentimento.
Abre a porta lentamente, igual àqueles filmes de terror como se um
animal feroz fosse pegá-la, e se depara com uma escuridão que ocupa o
quarto inteiro.
Susan entra no quarto para saber se seu filho está bem e então ela fica
paralisada no meio da escuridão. Estava dura feito pedra, como uma
estátua de mármore pois acabara de descobrir a tal fuga de seu filho.
Em cima de um criado mudo duas cartas em papel branco e ambas com
gotas vermelhas formando um "J”, como se fosse um selo de cera,
antigamente usado no antigo Egito.
Mas naquele momento Susan não conseguia pensar em ler nada, sem
contar o fato de que estava muito bêbada para conseguir abrir a carta, só
lhe passava na cabeça "essa é a pior noite da minha vida”. Ela já tinha
brigado com o marido várias e várias vezes e isso estava começando a
virar rotina. Porém nunca imaginou que um de seus filhos algum dia
fosse embora.
Começou a infestar a sua mente com pensamentos horríveis sobre ela
mesma, e ao lembrar-se do filho que havia visto há dois dias, notou o
quanto ele havia mudado dentro de alguns anos.
De um garoto gordinho e bem ajeitado da mamãe, a um roqueiro sempre
com cabelos arrepiados e lisos iguais àqueles garotos de bandas
americanas.
Susan notou que aquele garoto andava quieto demais, parecia ofendido
com algo, frustrado com tudo, às vezes parecia até assustado, mas ela
sempre achava que era fruto da sua imaginação de ressaca.
Susan, após ficar trinta minutos em pé em estado de choque, resolveu
pegar as cartas e descobrir seu conteúdo mesmo sabendo que não
conseguiria ler com total clareza.
.
Ao aproximar-se do criado-mudo e esticar a mão para apanhar as cartas,
reparou que entre a tinta e o papel em branco haviam nomes: "Mãe" e
"Félix". Susan apertou as cartas ao seu peito e sentiu o perfume de seu
filho em uma das cartas, a intitulada para ela. Susan aproximou os
envelopes ao rosto e começou a abri-los e quando retirou todo
o conteúdo do envelope ela teve uma grande surpresa.