Escuta, dotô!
— Dotô, sarva a minha fia! Pelo amor de Deus! Num dexa ela morrê, não! A Leila é tudo pra mim, dotô! O sinhô num sabe o quêu sufri pa criá essa minina. Sarva ela pra mim, sarva! Abaxo de Deus é no sinhô quêu confio. O pai dela nem viu ela nascê, dotô! Largô eu sozinha, sumiu no mundo, lá pras banda do Goiás. Eu nunca escutei falá dele mais!
— Dona Maria José, escuta...
— Dotô, eu pago o sinhô! Eu tô trabaiano na casa do Juiz...
Êsse novo que chegou na cidade. Eu tô lá por indicação da famia do dotô Juvenal, engenhêro da Ferrovia... Eu trabaiei pa famia dele pra mais de deiz ano! Agora ele tá no Tocantins. Inhantes de ir embora, me indicô pro Juiz, lá onde eu tô agora... Sarva a Leila, dotô! Eu rumo o dinhêro!
— Dona Maria, eu...
— Escuta sô dotô, eu nunca tive medo de sirviço. Garrei duro na lavôra de cana da Osina, tirava os empreito premero que todo mundo. Ganhei prêmo, medáia dos patrão. Tive abono no fim do ano, por causa que batia os cumpanhêro nas tarefa. Ganhei uns cobre, dei conta de fazê a casinha adonde moro cum Leila... Sarva ela, dotô!
— Dona Maria, se acalme...
— A Leila é uma bença de Deus, dotô! É uma minina prestativa, de bão coração! Todo mundo gosta dela lá onde nóis moremo. Sempre estudô munto! Em deusde pequena só garrada cum caderno e lápis. As professora falava: “Essa menina é de ôro, vai longe...”. E foi memo, dotô! Ela ganhô borsa de estudo, passô nas prova tudo com nota boa. Daqui seis mêis ela vai formá... Minha fia vai sê dêvogada! E das boa! Ela num pode morrê, dotô. O emprego dela já tá rumado com o Juiz. Ela já faiz estajo lá. Ele falô que ela é boa demais, responsave, sabida, essas coisa tudo... O sinhô tem que sarvá ela...
— Escuta, me escuta, dona Maria...
— Nóis mora só nóis duas... Até hoje ela drome no quarto cumigo... Tem medo dêu sofrê corqué coisa de noite, por móde que eu tive um pobrema de coração tem dois ano. A Leila é procupada cumigo. É um ôro essa minina, dotô. Todo dia nóis reza o terço junto. Eu tiro, ela arresponde, deusde que ela era piquena eu custumei ela rezá cumigo, insinei as coisa de Deus pra ela... Deus vai ajudá dela recomperá num vai, dotô?
— Dona Maria... Olha pra mim! Segura na minha mão...
— Quê que foi dotô?
— A pancada foi forte, a moto tava voando, dona Maria... Fica tranquila. A Leila não sentiu dor, não sentiu nada...
— Dona Maria José, escuta...
— Dotô, eu pago o sinhô! Eu tô trabaiano na casa do Juiz...
Êsse novo que chegou na cidade. Eu tô lá por indicação da famia do dotô Juvenal, engenhêro da Ferrovia... Eu trabaiei pa famia dele pra mais de deiz ano! Agora ele tá no Tocantins. Inhantes de ir embora, me indicô pro Juiz, lá onde eu tô agora... Sarva a Leila, dotô! Eu rumo o dinhêro!
— Dona Maria, eu...
— Escuta sô dotô, eu nunca tive medo de sirviço. Garrei duro na lavôra de cana da Osina, tirava os empreito premero que todo mundo. Ganhei prêmo, medáia dos patrão. Tive abono no fim do ano, por causa que batia os cumpanhêro nas tarefa. Ganhei uns cobre, dei conta de fazê a casinha adonde moro cum Leila... Sarva ela, dotô!
— Dona Maria, se acalme...
— A Leila é uma bença de Deus, dotô! É uma minina prestativa, de bão coração! Todo mundo gosta dela lá onde nóis moremo. Sempre estudô munto! Em deusde pequena só garrada cum caderno e lápis. As professora falava: “Essa menina é de ôro, vai longe...”. E foi memo, dotô! Ela ganhô borsa de estudo, passô nas prova tudo com nota boa. Daqui seis mêis ela vai formá... Minha fia vai sê dêvogada! E das boa! Ela num pode morrê, dotô. O emprego dela já tá rumado com o Juiz. Ela já faiz estajo lá. Ele falô que ela é boa demais, responsave, sabida, essas coisa tudo... O sinhô tem que sarvá ela...
— Escuta, me escuta, dona Maria...
— Nóis mora só nóis duas... Até hoje ela drome no quarto cumigo... Tem medo dêu sofrê corqué coisa de noite, por móde que eu tive um pobrema de coração tem dois ano. A Leila é procupada cumigo. É um ôro essa minina, dotô. Todo dia nóis reza o terço junto. Eu tiro, ela arresponde, deusde que ela era piquena eu custumei ela rezá cumigo, insinei as coisa de Deus pra ela... Deus vai ajudá dela recomperá num vai, dotô?
— Dona Maria... Olha pra mim! Segura na minha mão...
— Quê que foi dotô?
— A pancada foi forte, a moto tava voando, dona Maria... Fica tranquila. A Leila não sentiu dor, não sentiu nada...