DIVIDIR... UM ATO DE FRATERNIDADE

Ele era jovem e recém-formado em Engenharia Civil. Estava desempregado, pois a empresa em que trabalhava fora à falência. Um parente o indicou para uma empresa que estava começando um empreendimento no Guarujá – SP. Apresentou-se na empresa pela manhã e ouviu:

- Precisamos de um engenheiro civil já e seu QI (quem indicou) dispensa quaisquer provas ou pesquisa. Quer começar já?

- Claro que quero, só preciso ir até minha casa apanhar umas roupas e sigo para o Guarujá no primeiro ônibus.

Em casa fez uma refeição corrida enquanto sua mãe preparava as roupas e utensílios de higiene pessoal que couberam numa pequena mala de viagem.

- Tchau Mãe! Preciso chegar lá antes do anoitecer, pois preciso que alguém me leve até o lugar, só sei que a entrada fica na estrada que vai para Bertioga. Assim que der eu volto para pegar outras coisas. Agora tenho que ir. Benção!!!

- Deus te abençoe meu filho.

Sua mãe ficou a rezar e a pensar que emprego era esse tão repentino e corrido no meio de uma floresta. O jovem engenheiro cheio de entusiasmo ouviu do taxista que o estava conduzindo que ouvira dizer que aquele empreendimento seria residências de veraneio de altas personalidades do esporte, da televisão, cinema, indústria e outros ricaços do Brasil. Um ousado condomínio na época. O jovem ficou mais entusiasmado ainda. O taxi chegou ao canteiro de obras antes do anoitecer. Na época não era fácil chegar à ilha de Santo Amaro que é o Guarujá, pois não existia estrada até o Guarujá. Tinha que se fazer a travessia por balsa via Santos, ainda hoje utilizada.

Assim que chegou, na hora da “boia” (o jantar), apresentou-se ao encarregado do lugar que o levou aos demais operários, preconceituosamente, denominados peões.

- Engenheiro ........., o senhor já jantou?

- Não, mal almocei. E estou faminto.

- Não temos um marmitex para o senhor, não sabíamos que o senhor chegaria hoje e não fizemos a encomenda, mas não ficará sem sua janta.

- Pessoal, onde comem seis, há uma refeição para o sétimo.

Cada operário cedeu um pouco de sua marmita que o deixou bastante comovido com aquele gesto de fraternidade praticado por pessoas humildes a quem mal conheciam, mas tiveram a oportunidade de conhecê-lo melhor a partir do dia seguinte. Um gesto desses não há dinheiro que pague, isto é, não tem preço. Uma grande amizade foi selada naquele momento. Terminado o empreendimento, o então agora engenheiro sênior abriu sua própria empresa e alguns operários que protagonizaram aquele ato de fraternidade foram seus mestres de obras. A empresa prosperou.

SANTO BRONZATO em 09/01/2.014.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 09/01/2014
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