O bolo do dilema
Eu e minha irmã a juntar latinhas. Um casal de desconhecidos em um carro se aproxima.
- Vocês querem este bolo?
- Sim.
Acenamos envergonhados com a cabeça.
Estava feito o dilema. Minha mãe sempre aconselhou a não pegarmos coisas de estranhos. Que bolo! Parecia delicioso. Hoje sei que era um rocombole de amendoim. A minha irmã segurava o bolo enquanto eu continuava a entrar no mato dos terrenos baldios procurar recicláveis, que aquela época em Guarapuava dos anos 80 era muito comum, o que era favorecido pelo serviço de limpeza pública deficitário. A minha cabeça só estava no bolo e no dilema, comê-lo ou não comê-lo. Decidimos a jogar o bolo e não arriscarmos... Fiquei com a imagem daquele dia. Minha irmã, anos depois me confidenciou. “Realmente o bolo era delicioso”.